8:10No afogadilho dos outros

Todo ano eles fazem tudo sempre igual. A partir de amanhã, na última semana de recesso, que, na verdade, tem apenas três dias de trabalhos em plenário, os deputados estaduais do Paraná vão votar 60 projetos. Entre eles o da criação da Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (FUNEAS-PARANÁ), uma entidade com personalidade jurídica de direito privado para gerir contratações e serviços de saúde, projeto que apareceu de repente, quase foi votado em regime de urgência na semana passada, mas ficou para amanhã porque até mesmo os deputados que compõem a base do governo acharam que a aprovação, líquida e certa, ia dar na vista. O limite de gastos pessoais do governo do Estado já ultrapassou o ponto de perigo. Até o Tribunal de Contas está preocupado pois emitiu novo alerta nesta semana informando que os gastos chegaram a 99,52% do índice permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A tática de deixar as votações de projetos polêmicos como este para a última hora é mais antiga do que andar pra frente. Joga-se com o pressuposto de que, apesar da gritaria, que já começou, os de interesse do governo do Estado são aprovados, entrasse no recesso, vem o Natal, Ano Novo, férias, Carnaval e no ano que vem seja o que Deus quiser. Acontece que ano que vem é ano de eleição para o governo do Estado e também para o Legislativo estadual. Se as votações parirem monstros, além da ninguenzada, que sempre paga o pato, quem criou e quem aprovou também pode entrar pelo cano. A palavra “afogadilho” também é lembrada por alguns do Centro Cívico nestas horas. No ano passado, por exemplo, o projeto do Tribunal de Justiça para aumento da alíquota do tal Funrejus não foi a plenário com este argumento. Hummmmmm. A partir de amanhã ele está na pauta, modificado, sem aumento do percentual, mas só com o do teto para as transações imobiliárias. Mas a pressa dos outros projetos, como este da Saúde, não foi questionada. Porque vem do Executivo, que, no começo, meio e fim, é quem escreve o script deste filme. Talvez a turma do Judiciário adapte aquele famoso ditado dizendo que “no afogadilho dos outros é refresco”. Enquanto isso, a ninguenzada assiste a tudo e, de fato, não acha que vale a pena ver de novo – mas é o que os que mandam e os que aprovam no Centro Cívico acreditam. Isso é política!

 

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