7:46Um adeus a Al Plastino

Al-Plastino

Al Plastino e o encontro do Superman com JFK

 

 

por Célio Heitor Guimarães

 

Ao completar 75 anos de existência, neste 2013, Superman amarga a tristeza de ficar, uma vez mais, órfão. Na segunda-feira 25, faleceu em Nova York, nos EUA, Al Plastino, um dos primeiros e principais desenhistas do Homem de Aço. Muito provavelmente, as novas gerações de leitores de gibis nem imaginem quem tenha sido Al Plastino. Mas precisam saber que, depois do criador gráfico original do personagem, Joe Shuster, Al Pastino compôs com Wayne Boring e Curt Swan, durante um bom tempo, o principal trio de ilustradores das aventuras de Super-Homem. Foi durante a chamada Era de Prata dos comics norte-americanos.

 

Plastino era pouco mais de um menino quando deu baixa do Exército e assinou contrato com a editora DC, então National Periodical Publications. Ele levara alguns esboços do herói de Krypton aos editores e eles os aprovaram na hora. Mas, a princípio, fizeram-no copiar o traço de Wayne Boring. Só algum tempo depois é que Al impôs o seu próprio estilo, com grande sucesso. Desenhou ainda Superboy, a partir de 1958, e, com o roteirista Otto Binder, criou, no mesmo ano, a Legião dos Super-Heróis, uma equipe de jovens adolescentes com poderes especiais recrutados em diversos planetas. É da dupla também a primeira aventura de Supergirl (Supermoça), publicada em Action Comics 252, de 1959.

 

Mas um dos grandes momentos da carreira de Al Plastino na trajetória de Super-Homem foi o encontro do Homem de Aço com o então presidente americano John F. Kennedy. A história estava programada para ser publicada em Superman 168, de novembro de 1963, mas o assassinato de Kennedy colocou-a no arquivo, a pedido do sucessor Johnson. Somente algum tempo depois foi publicada como uma homenagwem póstuma a JFK. Pouco antes de falecer, já adoentado, Al pleiteou junto ao tribunal estadual de Nova York o direito sobre os originais da história. Segundo ele, o material tinha sido doado ao acervo do falecido presidente e surpreendera-se ao tomar conhecimento que estaria sendo leiloado em Beverly Hills, na Califórnia. Pleiteou a imediata devolução do trabalho e a sua entrega à Biblioteca Presidencial Kennedy, em Boston, com o propósito de que fosse o seu “legado duradouro ao público”. A causa ainda pende de decisão final, mas a peça foi retirada do leilão.

 

A derradeira parceria de Plastino com o herói azulão foi em 1996, quando ofereceu a sua arte para a história “Superman: The Wedding Album”, o especial de casamento de Super-Homem com Lois Lane. Al Plastino, que nasceu em Manhattan, Nova York, EUA, em 15 de dezembro de 1921, tinha 91 anos e sofria de câncer na próstata e da Síndrome de Guillain-Barré, que afeta os nervos periféricos e causa paralisia. Viúvo, vivia em Shirley, Long Island, NY. Por 55 anos fora casado com Ann Marie, com quem teve quatro filhos: Fred, Janice, Arlene e Mary Ann.

 

– Perdemos um grande membro da DC. Al Plastino foi um dos talentos mais reconhecidos da editora por décadas, e sua arte ainda ressoa entre os muitos fãs de Superman e da Legião dos Super-heróis – declarou Diane Nelson, presidente da DC Entertainment.

 

Cabe resistrar aos interessados que Super-Homem chegou ao Brasil em dezembro de 1938, no mesmo ano do seu nascimento, no suplemento A Gazetinha, do jornal A Gazeta, de São Paulo, do jornalista Cásper Líbero. Em seguida, os direitos foram adquiridos pelo editor Adolfo Aizen, que levou as aventuras do Homem de Aço para O Lobinho, da Editora A Noite, do Rio.

 

Com a criação da Editora Brasil-América Ltda. – Ebal, em 1945, Aizen ofereceu ao personagem revista própria, intitulada Superman (que circulou durante 35 anos, de 1947 a 1983, um recorde até hoje no mundo dos quadrinhos), embora o herói continuasse sendo chamado de Super-Homem. A mudança para Superman só ocorreu quando os direitos de publicação já eram da Editora Abril, de São Paulo, por razões de ordem comercial. Hoje, Superman é editado pela Panini Comics, também de São Paulo.

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3 ideias sobre “Um adeus a Al Plastino

  1. Ivan Schmidt

    Celio Heitor, além das lides jurídicas (das quais já pendurou a beca), é um mestre pós-doutorado em histórias em quadrinhos! Mostra-o o texto sobre o criador do Superman, rastreando inclusive a peregrinação editorial/industrial do heroi de Kripton. Vou repetir o que já escrevi nesse blog: Carissimo Célio, você está nos devendo um estudo acadêmico (por que não?) sobre essa arte gráfica secular… Refugie-se na Serra da Mantiqueira ou na Lapa que tanto amas e… o resto você conhece muito bem.
    Saúde!

  2. Célio Heitor Guimarães

    Obrigado, mestre Ivan. Mas será que ainda existe quem goste de gibis, além de nós?

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