por Armando Nogueira
Tu, em campo,
parecias tantos,
E, no entanto,
que encanto!
Eras um só;
Nílton Santos.
Era um amistoso na cidade do México: Botafogo x River Plate. Garrincha estava estraçalhando o beque Vairo. Nestor Rossi, o maestro da seleção argentina, chamou o lateral do River e aconselhou:
– Quer melhorar teu futebol? Então faz o seguinte: aquele ali é o Nílton Santos, beque esquerdo como você. Vai lá perto, disfarça e passa a mão na perna dele. Só isso. Passa a mão que naqueles pés está o futebol de todos os beques do mundo.
Pés que jamais deram um bico na bola; reflexos que jamais foram traídos pelos efeitos de uma bola; atleta de equilíbrio assombroso, que jamais caiu no campo, a não ser derrubado. Nílton Santos, craque extraordinário que encarnou a prefiguração de toda a evolução tática do futebol moderno. Craque que viveu no campo duas faces de uma equipe, porque sendo zagueiro sempre teve alma e audácia de atacante. Nasceu com o talento de fazer gols e acabou glorificado pela arte de evitá-los.
Niltão, além de craque consagrado era cidadão de bem e pessoa de uma simplicidade cativante.
Esse sim sabia tudo de bola – a Enciclopédia.
Só.
Naquele jogo contra a Áustria em 1958 ele construiu o primeiro gol decisivo para o campeonato mundial.
Deveria servir de exemplo a muito jogador que por dar umas “pedaladas” pensa que faz jus à “amarelinha”.
Ledo engano.
Mas com a escabrosa bajulação da mídia e seus escusos interesses é o que vemos por aí.
Belíssimo texto, Zé. Eu tive a ventura de ver esse Craque jogar.
Muito bom, Zé Beto. Grande Nilton Santos, genial e simples, como devem ser as pessoas realmente geniais. Só o conheci de registros e entrevistas mas o suficiente para admirar o craque e a pessoa. Deus o tenha.