8:44O espetáculo Brasil

O espetáculo da prisão dos condenados do que se rotulou de mensalão foi o esperado. O show está em cartaz há muito tempo e o comportamento dos espectadores é que é patético, mesmo porque os atores, dos ministros aos réus, passando pelos advogados, sabem que têm audiência garantida em horário nobre da tv, nos jornais e revistas. Completa-se o quadro com a politicalhada a analisar cada desdobramento, para faturar ou se precaver, porque ou quer tomar o poder ou quer permanecer nele. Pior mesmo são os integrantes da torcida, aqueles que, como os parlamentares, acham que são porta-vozes da ninguenzada que não conhece e não quer saber, porque letrados; a casta que fica de um  lado ou do outro, esquerda, direita, vomitando o “estamos sempre certos e sabemos o melhor destino para os desvalidos”. Quanta patetice junta! O Brasil é completamente ignorante, daí ser isso aí mesmo. Vivemos no menos pior dos regimes, mas temos que ouvir da boca de um preso em ação julgada pelo Supremo Tribunal Federal que ele é preso político. A claque deste lado da questão aplaude e ri sabido. Se o bandalho fosse do outro lado da trincheira, essa mesma claque diria que fez-se justiça porque era ladrão, mesmo porque só existem bandidos no time inimigo. Alguém aí poderia garantir que em toda essa multidão que se lança ao poder com o uniforme de partidos políticos de ocasião, alguém poderia dizer que a oração deles é diferente da famosa “venha a nós o vosso reino e o resto que se foda”, com o perdão do palavrão perfeito para a ocasião? Todos defendem “o povo”, essa entidade composta de seres anônimos mantidos na imbecilidade porque é assim que se comanda uma nação pobre e burra. Migalhas sempre foram e são distribuídas como se fosse um favor – e quem faz isso paira como santo com auréola e tudo. O ato sempre esperando o retorno pago em votos. O cacarejar dos que conseguiram aprender o beabá e as quatro operações, leram dois livros e se consideram sábios, o cacarejar deste povo tem o alcance máximo da meia-dúzia dos que abrem o chuveiro em casa e sai água quente, além de terem o privilégio de pedir pizza por telefone e pagar com o cartão na maquininha trazida pelo motoqueiro. Que coisa triste! Um morador de um sítio no interior do Paraná vê ou ouve no radinho de pilha o noticiário sobre a prisão do Zé, do Mané, do Jeguedé, e entende tanto quanto o a informação sobre a política econômica adotada pela China ou a nova norma do Federal Reserve – ou ainda a nova taxa Selic. Será que um dia Zumbi vai chegar, como pergunta na música o negro Benjor? Casa Grande e Senzala é um clichê usado com frequência por quem nunca foi dar uma olhada nos porões. Falar de ouvir falar é coisa de papagaio. Papagaiamos todos. Os outros locupletam, mas a turma toda da esquerda e direita reaças (outro clichezão) parece pronta para a proposta. Não foi assim que começou o espetáculo da vez? Não é assim o espetáculo de sempre? De todos os lados? A discurseira babaca sobre o mensalão é a da enganação. Mensalão existe desde sempre e das mais variadas formas. O povo não sabe disso. O povo quer sobreviver, ou seja, quer comer, foder e morrer, na definição perfeita de alguém por aí. Pensar é impossível porque nem proteína para isso tem. Os que deveriam pensar e dizem que pensam, ficam babando na gravata. É o Brasil.

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3 ideias sobre “O espetáculo Brasil

  1. antonio carlos

    Um dos presos se diz preso politico, e o mais incrível de tudo isto, é que ele é filiado ao partido dono do poder. Que país se habilita a conceder-lhe asilo político? Para Cuba ou Venezuela duvido muito que queira ir. Os demais presos podem se considerar presos de consciência, suja é obvio, assim fica mais bonito, sou preso de consciência, e não mais um mero ladrão.

  2. Leopoldo Heitor Barbosa

    “Seu ódio é contra programas de transferência de renda que lhe retiraram a empregada barata, o caseiro faminto e ainda puseram no aeroporto, que você julgava seu espaço privativo, cidadãos que antes só pisavam lá para carregar sua bagagem de bijuterias baratas. Mas, daqui a pouco, você estará triste novamente.” – Caroni

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