por Sergio Brandão

 

São quatro pequenos anos. Do tamanho dela. O começo desta história parece ser como o de quem acorda, abre os olhos, espreguiça e boceja. O começo da vida, quando com quatro anos, a criatura tenta ver e querer entender o mundo, interagir com ele. Descobrir  se machucando, chorando, refletindo, perguntando, dizendo coisas engraçadas, aprendendo…

Aos poucos, uma coisa de cada vez, tudo vai entrando naquela cabecinha ainda virgem, apenas com as primeiras informações que vieram no chip. O arquivo vai sendo montado e junto com ele vai sendo formado o  cidadão.

Formatar a máquina e dar o primeiro conteúdo é problema meu.

Esta criaturinha está completando 4 anos e nada sabe. Completamente pura, inocente e incapaz. Na primeira oportunidade, sem que a gente perceba direito, vai mostrando suas características-personalidade e caráter- o jeitão da madeira. Já é a combinação do que estava no chip, quando veio da fábrica, com o primeiro conteúdo que a gente oferece antes destes primeiros 4 anos.

Educar um filho parece muito mais que isso. Principalmente quando o pai é cinquentenário. A alma das criaturas é ainda uma máquina pouco conhecida. Sei muito pouco sobre a que tenho em casa e me bato um pouco para azeitar toda esta engrenagem. Por isso, acerto e erro, mesmo que ainda faça o meu melhor. Não é tão simples como apenas deletar o conteúdo e começar de novo.

Estou falando de alma, de gente, da minha filha, da responsabilidade de criar, educar e o medo que dá em pensar em mais uns 13, 15, 18, 20 anos, lá na frente. Com o primeiro filho foi diferente. Eu era tão criança quanto ele.

Não dá para apenas comemorar os 4 anos. Não consigo deixar de pensar na parte que me cabe na formação desta criatura – e isso me coloca pilotando um carro de fórmula um, liderando a corrida, na última volta, com o segundo colocado bufando na nuca. Toda curva, cada metro, cada movimento ou decisão precisa ser medida e muito bem pensada.

Só sei que juntos, você, eu, sua mãe, irmãos e toda a família, completamos 4 anos da sua história. Lá fora mais uma como tantas outras, mas aqui dentro, a gente sabe que não é assim.

Tudo caminha dentro do que penso ser ideal e bom pra você. Um dia de cada vez, cada minuto, cada conversa, cada momento nosso é vivido intensamente, por mais simples que seja. Estar com você em cada um destes dias, destes quatro anos, foi uma escola. Também aprendi muito.

Veja só: você já ensina!

Minha Nena linda, companheira até de futebol, parabéns!

Como dizia seu avô, “emplacamos mais um”!