9:54Rouba-se de tudo e de todos

por JamurJr

 

Fim de tarde, no boteco da esquina, se reúnem amigos para contar as novidades do dia e tomar uns tragos, antes de pegar o rumo da casa. Entre eles, Zé Cara de Bagre é o mais falante. Pescador desde pequeno, vive de seu trabalho e habilidade para lançar a tarrafa na baía de Guaratuba, centenas de vezes, chova ou faça sol. Há dias em que sua a camisa por alguns bagrinhos, magros, pálidos, que valem muito pouco no mercado. Zé pega a canoa nas primeiras horas da manhã e trabalha até perto do meio dia. Numa caixa de isopor amarrada na bicicleta leva o fruto de seu trabalho que é oferecido nas casas de velhos e fiéis clientes. Numa tarde de tragos e conversas, Zé contava a história triste do roubo de sua bicicleta, veículo que é fundamental para atender a freguesia. Sem ela – dizia – não adianta nem sair para pescar

– Acho que pisei num despacho – lamenta o pescador , vítima pela terceira vez dos ladrões de bicicleta. A primeira que comprou nova, para pagar em 12 meses, usou uma semana. Foi roubada na porta de uma farmácia. Prevenido, quando comprou a segunda, escolheu uma bem velha, meio enferrujada, dessas que não atraem nem ladrão de galinha. Roubaram  em frente ao mercadinho de sua rua.

Laércio Pé Grosso, companheiro de pescarias e tragos, entrou na conversa para contar a história de um ladrão que ataca as casas mais pobres da cidade.

Num  casebre de duas peças, telhado de amianto, frestas nas paredes de madeira e algumas goteiras em dias de muita chuva, a mulher preparava o almoço de sábado, a espera do marido.  Junto a uma janela da cozinha, o velho e enferrujado  fogão cumpria sua obrigação de preparar um bom feijão com duas metades de orelha de porco . O cheiro bom do feijão saía pela janela e alcançava as casas vizinhas. A mulher dividia seu tempo entre acompanhar o feijão no fogo e estender algumas peças de roupa num varal de arame farpado. Numa dessas idas ao quintal, demorou um pouco mais e, na volta, a surpresa. A panela de feijão havia sumido do fogão.

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