8:32Sem nomes

Do ombudsman

 

Em reportagem publicada na edição de sábado passado  sobre a briga de campanha que virou o projeto do Governo Federal para o Porto de Paranaguá, a Folha de São Paulo não revela quem é “o maior jornal do Paraná” e “o líder do governo tucano”, e quem são os “blogueiros simpáticos ao governo”, citados dessa forma. Se a regra está ou não no famoso manual de redação do jornalão, é outra conversa, mas o leitor que não conhece a província em seus detalhes gostaria muito de ser informado. Leia o texto:

 

Expansão de porto antecipa duelo eleitoral no Paraná

 

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Um dos principais entrepostos comerciais do país, o porto de Paranaguá virou pivô da antecipação da provável disputa eleitoral de 2014 no Paraná entre o atual governador Beto Richa (PSDB) e a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Nas últimas semanas, tucanos e petistas trocaram acusações, e a ministra de Dilma teve de ir a campo para preservar sua imagem.

Paranaguá foi incluído num plano de investimentos do governo federal, capitaneado pela ministra da Casa Civil. Serão R$ 2,6 bilhões, o maior valor entre os portos brasileiros.

O maior jornal do Paraná publicou o anúncio em manchete, com menção e declaração de Gleisi. Mas, em vez de elogios, o plano passou a render contratempos à ministra. O plano de investimentos no porto foi duramente criticado por empresários e pela comunidade da cidade.

Os críticos apontam razões técnicas. Dizem que o governo federal “jogou fora” os estudos de ampliação conduzidos pela administração local.

CRÍTICOS

Eles apontam inconsistências no projeto e reclamam da união de terminais, que, pela magnitude dos investimentos necessários, pode ceifar do porto as cooperativas agrícolas, fortes no agronegócio paranaense.

O governo federal chamou os empresários para debater, colocou o projeto em consulta pública e se diz aberto a alterá-lo. Mas não sem que houvesse respingos na ministra.
Aliados de Richa aproveitaram a onda de críticas.

Blogueiros simpáticos ao governo estadual atribuíram a ela a responsabilidade pelo plano. O líder do governo tucano acusou Gleisi de querer “destruir Paranaguá”.

Na manifestação mais severa, a Faep (Federação da Agricultura do Paraná) estampou na capa de boletim semanal: “A última de Brasília: intervenção de Gleisi em Paranaguá”. Nas páginas internas, fotos da ministra e o título: “Afinal, o que Brasília tem contra o Paraná?”.Blogueiros simpáticos ao governo estadual atribuíram a ela a responsabilidade pelo plano. O líder do governo tucano acusou Gleisi de querer “destruir Paranaguá”.

REAÇÃO

A ministra revidou. Apontou “politização” do tema e se queixou de “injustiça”. Em reunião com os empresários descontentes, virou-se para o representante da Faep e disse que sofreu críticas “desrespeitosas” e “desnecessárias”.

A federação nega ter agido politicamente e diz estar apenas reverberando a opinião dos produtores rurais.

Gleisi também procurou sanar os danos à sua imagem: mandou cancelar uma reunião dos empresários insatisfeitos com a bancada de deputados, para que se encontrasse com eles antes.

Depois, se afastou dos debates, que vêm sendo conduzidos por técnicos da Secretaria Especial de Portos e da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

Aliados da petista dizem que ela ainda vai colher bons frutos, com o acolhimento das demandas do empresariado -o novo projeto, revisado, será anunciado dia 5.

No front de Richa, já se compara o episódio ao das ferrovias anunciadas pelo governo federal e que atravessavam o Paraná sem passar por Paranaguá, numa iniciativa também sob o comando de Gleisi. Depois de muita negociação, o plano foi revisto.

Compartilhe

2 ideias sobre “Sem nomes

  1. antonio carlos

    Cara disse tudo, assino embaixo. A mídia da província insiste em ser chapa branca, ou é edita no Palácio Iguaçu ou é no Palácio do Planalto.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.