16:11O recado de Pellegrini e o livro sobre Leminski

Olá, sou Domingos Pellegrini e, enviando o livro em anexo, Passeando por Paulo Leminski, espero contribuir para que o Brasil não seja o país das biografias chapa-branca.

    Em junho fui convidado pela Editora Nossa Cultura para escrever biografia de Leminski, de quem fui amigo. O editor me afirmou que fui escolhido de comum acordo por ele e pelas herdeiras de Leminski, com quem seriam divididos os direitos autorais e a quem os originais seriam submetidos.

    Inicialmente aceitei, honrado, mas logo me dei conta de que a tarefa me privaria de duas condições essenciais para uma escrita criativa condizente com Leminski, a paixão e a liberdade. Além disso, já havia uma biografia sua,  e eu teria ou de sugar informações dela ou buscar penosamente novas informações talvez não tão relevantes ou interessantes.

    Assim, resolvi desistir da empreitada antes de assinar contrato – mas continuei a ter lembranças de Leminski, tantas que resolvi escrever  não exatamente uma biografia, mas uma mistura de minhas memórias com ele e necessárias observações críticas.

    Escrevi em poucas semanas, apaixonado, e a Editora Record se interessou em publicar – desde que com autorização das herdeiras, pois, sem isso, toda editora brasileira hoje teme ter prejuízo com a publicação embargada judicialmente.

    Como as herdeiras negaram autorização, resolvi colocar o livro na internet, esperando honrar a memória e a obra de meu amigo.

    E desde já autorizo que o livro seja reproduzido e divulgado de qualquer forma.

livro leminski

Compartilhe

2 ideias sobre “O recado de Pellegrini e o livro sobre Leminski

  1. Ivan Schmidt

    Bravo! Acima de tudo o autor do livro não está nem aí para as bravatas da viúva e filhas do Paulo Leminski, cuja personalidade anárquica e libertária (imagino) não daria a menor bola ao que escrevessem sobre ele. Li a metade do livro do Dinho Pellegrini e não achei nenhuma coisa que possa faltar com o respeito á memória do poeta. Afinal, relatar sua compulsão para o consumo de álcool é somente reproduzir o que (quase) todos sabiam.
    Eu mesmo guardo alguns flashs de Paulo. Repórter da TV Iguaçu entrevistei-o nas calendas, à época do Mapa, um movimento de música popular em Curitiba. Os encontros davam-se no Teatro do Paiol… era inverno e no meio da conversa perguntei como faziam para espantar o frio. Leminski respondeu com aquele sorriso maroto: “Você nem imagina a quantidade de conhaque que a gente consome na madruga”…
    O outro foi na manhãzinha de um domingo ou feriado: o poeta estava sentado, sozinho, no banco do ponto de táxis do bar Stuart, na Osório. Meio sacanamente pensei que, talvez, tivesse amanhecido ali e, então, aguardava a chegada do primeiro carro para levá-lo ao Pilarzinho…
    Mais um: certo dia passei por um daqueles botecos das proximidades do Guairão, e lá estava o nosso vate degustando uma cerva…
    E daí? Essas ninharias vão diminuir a grandeza intelectual ou a importância como ser humano do cara que assombrou a inteligentsia com o Catatau? Tudo isso e muito mais o que se escreveu sobre Poe, por acaso, comprometeram sua genialidade?

  2. swissblue

    Até eu, um gringo de outras paragens conseguiu saber mais o grande Leminsk, que um dia tive a oportunidade de ve-lo nas ruas de Curitiba, feliz e sorrindo para todos. Obrigado Domingos Pellegrini por nos facilitar esta leitura. Ganhou um fã que agora vai consumir seus escritos. O primeiro da lista: O Homem Vermelho. Gostei da maneira com que retratou o poeta da fria Curitiba, cidade que deixou-me inumeras saudades.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.