8:09Só morta!

por Nilson Monteiro*

 

A censura embota. A censura desbota. A censura obscurece. A censura mata. Contrapondo o rei do trocadilho, o baiano Caetano, censura nem torta. Censura só morta. Ou voltamos para as trevas medievais ou dos anos 70.

A geração, como a minha, que conviveu com esta excrescência nas relações sociais do país, sobrevivendo a doutos senhores em nosso trabalho, na Redação de jornais, a distribuir bilhetinhos do que podia/não podia ser escrito, ou nos próprios jornais, que publicavam receitas de bolos em vez de notícias, nos livros, enterrados para fugir à sanha da escuridão, nas revistas, nas peças de teatro, nos filmes, nas artes plásticas, nas músicas (bem lembrado, nas músicas!) e em todo lugar, esta geração tem (ou deveria ter) urticária ao ouvir a palavra censura. Eu tenho. Afasta de mim este cálice!

Em biografias ou outros escritos, eventuais distorções são passíveis de responsabilidade judicial e todos – todos – devem se submeter à lei sem leniência. E ser atuados, se houver desrespeito e/ou crime, sem conversa mole.

Discutir direitos, inclusive autorais, percentuais na venda de livros biográficos por parte dos biografados ou seus familiares junto aos autores e editores etc., entender-se como cidadãos é outro papo. Afinal, como cantou Caetano, o melhor do capitalismo é ser capitalista.

 

*Publicado na coluna do jornalista Aroldo Murá, no ICNews

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