6:49E os 27?

Se o Conselho Nacional de Justiça analisa a suspeita de que houve tráfico de influência do desembargador Clayton Camargo, então presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, na eleição do filho, Fabio Camargo, para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas, juntando lé com cré os 27 deputados que votaram no colega de plenário da Assembleia Legislativa estão no mesmo balaio. Como a votação foi secreta, essa seria uma boa hora de pelo menos um parlamentar sair em defesa do próprio voto, no mínimo por questão de coerência.

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3 ideias sobre “E os 27?

  1. Fausto Thomaz

    Santa inocência….todo mundo sabe como e de que maneira FC asumiu o cargo no TC…tem haver com vídeos/filmes….entenderam ou vou ter que desenhar? como diz um amigo meu.

  2. KAGUYA NOPANO

    SÃO TODOS MAFIOSOS…..

    (…)O cinema talvez seja mais entretenimento do que arte. Mas alguns filmes, de tão refinados em termos de forma e conteúdo, se não são arte, aproximam-se. É o caso de “O Poderoso Chefão”. O diretor Francis Ford Coppola adaptou um livro mediano, escrito pelo ítalo-americano Mario Puzo, e construiu uma trilogia do balacobaco. Críticos ranzinzas sustentam que há uma certa glamourização da máfia. Há, por certo. Mas com um objetivo explícito: chamar a atenção para o mundo da máfia, ou seja, para o mundo dos ricos, que, embora tenha alguma diversidade, tem quase sempre uma só dimensão, independentemente se os negócios são legais ou ilegais. O que às vezes diferenciam os ricos da máfia dos demais ricos é a permanência de alguns códigos — e o registro de Puzo-Coppola tem a ver com determinada época. Na atualidade, se a máfia — ou máfias, pois é apropriado o uso do plural —, permanece violenta, determinados códigos desapareceram ou estão em vias de extinção.

    Na parte 3 de “O Poderoso Che­fão”, Michael Corleone (muito bem interpretado pelo ator Al Pacino), o capo da máfia, organiza uma ampla operação para “limpar” os negócios da família. Envelhecendo, com um filho músico, contrário aos interesses da máfia, e uma filha interessada nos negócios, Corleone planejava para eles um mundo menos conflituoso e violento. Buscou, então, aliados no mundo legal, o financeiro e o religioso. Aquele que é detentor de grande fortuna obviamente não tem como escapar aos tentáculos dos bancos e das bolsas de valores. Entretanto, Corleone queria mais do que investir no mercado financeiro — espaço ideal para lavagem de dinheiro, para “limpá-lo” e devolvê-lo ao mercado como riqueza “pura”. O chefe mafioso queria atuar na área de imóveis, com a Immobiliare, da Igreja Católica.

    Feita a ponte entre a máfia, bancos e religiosos, Corleone pensou, inicialmente, que estava tudo bem. Não estava. Aos poucos, percebeu que o chamado mundo legal tem muito de ilegal e cria suas próprias regras, desrespeitando as regras sociais, que são conhecidas como “leis”, portanto devem ser cumpridas por todos. Corleone entendeu, depois de envidar esforços e investir dinheiro para “legalizar-se”, para se tornar um capitalista “limpo” e “moderno”, que o mundo dito legal é muito menos legal e “limpo” do que se pensa. O que o filme mostra é que o alto mundo das finanças é quase tão mafioso — e o jogo é duríssimo — quanto o da máfia. O filme, claro, é ficção. Mas sua história é mesmo baseada em fatos reais, ligeiramente disfarçados. Pesquisa baseada em documento do próprio Vaticano, exposta com crueza no livro “Vaticano S.A” (Larousse, 303 páginas, tradução de Ciro Mioranza), do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi), mostra como o Banco do Vaticano (ou IOR — Instituto Para as Obras Religiosas) lavou dinheiro de grandes empresários, políticos, banqueiros e mafiosos durante anos. A história do bispo americano Paul Marcinkus, ex-chefão do Banco do Vaticano, é impressionante. Um dos banqueiros, que mantinha ligação com o IOR e a máfia, foi assassinado e exposto, como se tivesse se matado (enforcado), numa ponte de Londres. Era um recado. Não se engana a máfia impunemente.

    Depois de “acreditar” num mundo legal, no qual tudo funcionaria com base na lei, Corleone descobriu o óbvio: os grupos se protegem. A Igreja Católica, no caso Marcinkus, puniu poucos dos seus e manteve a estrutura incólume. “Comungou” com a máfia e os financistas-golpistas mas, teoricamente, não se conspurcou. Os banqueiros, depois de algumas prisões e mortes, se uniram e praticamente abafaram a crise. As entranhas expostas não são positivas para “ninguém”. Os mafiosos, depois de um primeiro momento em que os grupos se atacaram, entraram em acordo. A vida continuou — impura e bela, diria algum poeta romântico. Em síntese, os grupos são corporativos e, como tais, se protegem.

    Longe de nós sugerir que a vida sempre imita a arte ou que a arte sempre imita a vida. O filme “O Poderoso Chefão”, especialmente a parte 3 — a mais política e a mais financeira da trilogia, daí, em geral, ser a mais menosprezada pelos severos críticos de cinema —, é um belo e cruento retrato artístico daquilo que ocorre na vida. É a arte ampliando o entendimento da realidade, mas sem perder a noção de arte, da elaboração estética. “O Poderoso Chefão” é “O Príncipe” do italiano Nicolau Maquiavel aplicado ao cinema, ou seja, à arte.

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