9:13Já tentei de tudo!

por Sergio Brandão

 

Já tentei de tudo, mas como coração de torcedor não tem juízo, continuo achando que posso ajudar. O jogo de camisa, cada uma para cada situação, já não resolve. A que sempre foi para jogos fora, tenho usado para os jogos em casa, a número um, a branca com listras verdes na horizontal, já nem sabe mais pra onde correr. A cueca verde, arma secreta nas situações mais críticas, também não serve mais. Foi substituída por uma branca (que não gosto de usar) – mas para ajudar o time até usei ontem. Também não deu. O caneco usado para o café da manhã nos dia de jogo, entrou em ação 24 horas antes, 12 horas depois e também não resolveu. Cheguei a culpar a moça que limpa aqui, que na hora da lavar tirou uma lasquinha da borda e quebrou o encanto.

Todo ano é uma caneca nova, uma camisa nova, mas desta vez a coisa não vai. Assim como você, já cheguei a me achar um idiota nesta história, mas é coisa de torcedor. Não tem jeito, isso me acompanha desde criança. No estádio tinha lugar certo para ficar no primeiro e outro no segundo tempo da partida. Ai do cara que tivesse se apossado do meu lugar quando chegasse para assistir o segundo tempo. Ficava por ali, fulminando o sujeito com pensamentos que o levassem ao banheiro, ao pipoqueiro, ao sorveteiro. No primeiro vacilo tomava o lugar. Se reclamasse, eu justificaria, achando que entenderia. Ainda não precisei passar esta vergonha.

Lá dentro de campo, os caras nem imaginam isso. Penso que, como eu, pelo menos a metade ou quem sabe muito mais que isso tem o seu ritual naquele estádio. Lugar certo, camisa de todos os jogos, estacionamento do carro, companheiro de arquibancada. Isso é pouco, coisa de amador. O bom mesmo foi um sujeito que outro dia, naquela famosa partida contra a Ponte Preta, já no início do segundo tempo, olhou para os lados como quem procura alguém. Me achou, fez um sinal de aprovação com a cabeça, deu um meio sorriso para confirmar a minha presença naquele lugar. As nossas posições eram fundamentais para a vitória. Dele, só sei que é japonês, um pouco gordinho, e sempre está com a camisa número dois do uniforme, a de listas verticai s- na minha opinião a mais bonita. Termina o jogo, nos abraçamos e vamos embora sem trocar uma palavra. Não sei seu nome, nem o que faz, mas é torcedor como eu. Nos vemos uma ou duas vezes por semana e não reclamamos, não vaiamos, não xingamos jogador, nem ninguém.

Lá dentro eles não sabem nada disso. Quem sabe tenha chegado a hora de saber. Já não tenho ido ao estádio para não sofrer. Só sei dos resultados no dia seguinte. Andam me consumindo. Até o Corinthians, nosso companheiro de sofrimento ultimamente, ganhou na rodada de ontem.

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4 ideias sobre “Já tentei de tudo!

  1. Bitte

    Brandão, amigo velho:
    Pois faz duas semanas que também ando pensando em mudar algumas coisas. Tal qual você, também tenho meus rituais, muda apenas a cor das onze camisas. Minha caneca com o distintivo rubro-negro (dessas de loja de 1,99 – que ganhei há uma década, num amigo secreto de final-de-ano, lá na redação), apesar de lascada numa das beiradas, faz uns anos, ainda tinha seu poder. Minhas duas cuecas rubro-negras – trocadas por novas a cada início de campeonato, também ajudavam.
    Pois desde aquele jogo com o Palmeiras, pela Copa do Brasil, ando desconfiado do poder lúdico de ambas. Até já dei uma boa olhada para ver se não estariam com um fio puxado ou coisa assim.
    Concordo contigo: acho que aqueles caras dentro do campo precisam saber dessas coisas. Temo que para surtir efeito tenhamos que pagar um mico. Acho que teremos que ir no próximo Atle-tiba vestidos só de cueca, com a camisa do time e com as canecas na mão .
    Tomara que não esteja frio, que dê empate em um a um, e vamos encher as canecas com o que melhor aprouver.
    Um grande abraço,
    Bitte

  2. sergio brandão

    Combinado, Bite! Nos encontramos na VIla, só de cuecas e de caneco na mão.
    baita abraço.

  3. leandro

    Ontem iniciei uma novena na Igreja doi Perpétuo Socorro. Parece que não adiantou nada. Tentei falar com o Padre para fazer para nós coxas, novena intensiva, ou seja: Não esperar só nas quartas feiras, porqu não vai dar tempo. Não sei se será possível.

  4. juca

    Já tenho uma consulta com a Mãe Diná para 2ª Feira. Ainda há vagas para mais três, vamos para o interior do Mato Groso, porque se não der certo já ficamos por lá pescando.

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