de Geraldo Carneiro
Amou três ou quatro sereias, sempre
Marinheiro de primeiro naufrágio;
Jurou em falso, disse meias verdades;
Perambulou em busca do sublime
Sem nunca descobrir o Santo Graal;
Andou atrás de um deus que fosse cômodo;
Como esse deus não se desencantasse,
Cantou a lua e outras deusas inconstantes;
Refratário às ciências, desconfia
Que o Sol gira ao redor da Terra, e o homem
É um animal fadado à extravagância;
Às vezes sofre acessos de grandeza,
Supõe-se demiurgo e pandemônio,
Mas o mundo sempre se rebela
Contra suas mal fundadas esperanças
E o reduz à sua insigne insignificância