8:42Os bastidores e a tradução da trombada entre a Gazeta do Povo e a PGE

Um mais que atento conhecedor dos bastidores da notícia na província se prontificou a responder a nota do “ombudsman” que ontem pediu uma tradução para o direito de resposta conseguido na Justiça pela Procuradoria Geral do Estado e a “Nota da Redação” do jornal Gazeta do Povo publicada ao lado do texto. A primeira observação é que não foi publicado no espaço da coluna do jornalista, mesmo porque ela não é publicada na edição de sábado. Portanto, a briga foi assumida pelo jornal. Para comprovar que está por dentro, o sábio enviou também uma cópia da contestação apresentada pelo jornal, que pode ser acessada no link ao final do texto. À tradução, portanto:

 
1. No dia 1.º de agosto foi publicada a coluna da discórdia (ver abaixo). Nela, o jornalista critica a Procuradoria Geral do Estado por ter feito uma lambança geral em relação aos depósitos judiciais. No final, ele escreveu que a PGE tinha sido muito incompetente para conduzir o caso.
2. Julio Zem, então procurador-geral, ficou ofendido e entrou na Justiça pedindo direito de resposta 15 dias depois da publicação da coluna. O juiz da primeira instância ignorou o pedido, já que todos os fatos relatados eram documentados, portanto, corretos. Também explicou que a crítica publicada não continha injúria, difamação ou calúnia passíveis de direito de resposta. Arrematou  com a lógica de que a crítica é um direito protegido pela Constituição.

3. Diante da derrota, o Zem recorreu ao Tribunal de Justiça e, pelo jeito, com o que acontece normalmente nestes casos em que vale a conversa de bastidor e a política, o recurso foi parar nas mãoi de um desembargador “amigo” que, embora cuide de falências, decidiu que, mesmo considerando  que o assunto estava fora da sua alçada, e dada à urgência,  decidiu descer a espada da Justiça na Gazeta do Povo e no colunista, determinando a publicação do direito de resposta e estipulando multa pesada por cada dia de atraso.

4. A Gazeta do Povo entrou com contestação, mas como sabia que dificilmente haveria mudança de posição no TJ, decidiu publicar o direito de resposta, mas, o fato de ter colocado ao lado a “Nota da Redação”, demonstra o quanto a publicação ficou inconformada. O texto, traduzindo, reafirma que tudo quanto foi escrito por Celso Nascimento, era verdadeiro. O jornal também afirma que, apesar da publicação por ordem da Justiça, não abdica do processo e vai até o fim defendendo seu colunista e o direito à liberdade de imprensa e expressão do pensamento.

5. Um detalhe extra: enquanto a batalha jurídica corria nos bastidores, Julio Zem caiu, segundo consta, exatamente por, entre outros muitos motivos, ter feito lambança no caso dos depósitos judiciais. O que se deduz que ele foi à Justiça contra a crítica na tentativa de se salvar, mas não se aguentou no cargo mais 15 dias. Foi demitido, mas, como sempre acontece, deram-lhe a chance de se dizer “cansado” e pedir exoneração.

6. Nessa disputa, o fato de o jornal não publicar o direito de resposta na coluna do jornalista, pode ser traduzido como prestigiamento, pois a publicação é que tomou todas as dores.

 

 Contestação – resposta-3

 

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3 ideias sobre “Os bastidores e a tradução da trombada entre a Gazeta do Povo e a PGE

  1. Estanislau - O Livre Pensador na Terra dos Debochados

    Para mim o Poder Judiciário brasileiro é o mais fechado, o mais arrogante, e se colocam como soberbos…é rara as decisões que tomam que eu aplaudo…além de não serem neutros..mas enquanto tivermos uma sociedade com profundas desigualdades e com a população que para sobreviver tem que embrutecer-se e com isto não têm tempo para acompanhar os desmandos destes poderosos a justiça nunca será “cega” mas os olhos bem abertos em defesa de uma elite …e parcial…falo inclusive do ministério público – enquanto as cúpulas forem indicadas pelo ou pela presidente\a de plantão, ou pelo governador\a de plantão permanecerá a injustiça…

  2. antonio carlos

    Enquanto o Poder Judiciário brasileiro continuar a ser aparelhado pelos governantes de plantão será assim mesmo, filho de presidente de Tribunal de Justiça indicado para conselheiro de Tribunal de Contas, filha de ministro da Suprema Corte indicada para desembargadora e assim por diante. A meritocracia foi abandonada em Pindorama, porque assim filhos de desconhecidos podem assumir cargos de filhos de conhecidos, bem ou nada preparados para o exercício destes mesmo cargos.

  3. Carlos

    E por que ninguém comenta a origem da briga entre o jornalista e a PGE?
    Será por corporativismo?

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