por JamurJr.
Quem viveu sob regime ditatorial, especialmente em tempo de guerra, não tem saudades. Quando o ditador Getúlio Vargas negociou a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, s brasileiros que viviam sem liberdade de expressão, de imprensa, de ir e vir – e com outras limitações impostas pelo regime, entraram numa fase de racionamento de alimentos. O consumo de trigo era controlado pelas autoridades. Ninguém podia adquirir mais do que o permitido. O pão nosso de quase todo dia, em Guaratuba, tornou-se quase uma raridade. Um boa quantidade vinha de Paranaguá e era vendido no Bar do Patriarca, na Rua da Praia, em frente a baía. Quem podia, fazia pão em casa. Mas, com o racionamento de trigo, era difícil conseguir o produto, Quem fosse apanhado com quantidade maior que a permitida, era considerado infrator e podia ser preso. Seu Máximo, comerciante antigo, um libanês que adorava pão, não passava uma refeição sem ele. Para conseguir a quantidade que precisava, sem o conhecimento da fiscalização, contava com a ajuda de um irmão que morava em Paranaguá. Nicolau, que também era comerciante, mandava periodicamente para Guaratuba um saco de farinha de trigo, tudo muito escondido para não levantar suspeita. O produto era transportado em embalagens camufladas e entregue no armazém de seu Máximo. Na hora de assar o pão em casa, outro tipo de cuidado era observado. Para evitar que o cheiro do pão caseiro saísse pelas ruas denunciando o comerciante, fechavam todas as portas e vedavam todas as frestas para evitar que aquele cheirinho bom de pão caseiro chegasse ao olfato de alguma autoridade local.