11:47lembrança

de Manoel de Barros

 

Em 1912,

Entrei para uma seita desativada cujos membros

um pouco dementados

Se ocupavam de ouvir a ressonância deles

mesmos nas palavras

(igual que os louquinhos quando ouvem paredes)

Comecei a saber menos sobre meus desencontros.

Uma porção de lodo forçou para baixo a minha

voz.

Aprendi que no escuro eu enxergo melhor.

Orvalho benzeu meu olho.

 

 

P.S.: Esse é um trecho da autobiografia religiosa que estou escrevendo para enfeitar a noite do meu bem.

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