por Célio Heitor Guimarães
Agora se sabe por que senadores e deputados federais, a qualquer indisposição ou mau-súbito, correm a se internar em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês, o melhor e mais caro do país: somos nós que pagamos a conta. O mais recente hóspede da estrelada instituição de tratamento de saúde é o senador José Ribamar de Araújo Costa, vulgo Zé Sarney que lá está instalado, faceiro, cuidando de uma pneumonia, às nossas custas. Lula e Dilma também já passaram por lá.
Até o início de 2012 o Senado Federal já gastara R$ 25 milhões com despesas médicas e odontológicas de senadores, atuais e ex porque os ex que ficaram pelo menos 180 dias corridos no cargo também têm direito ao mimo. Os seus dependentes, idem.
Mesmo aqueles nobres parlamentares que deixaram o parlamento para se tornarem deputados ou prefeitos, têm suas despesas médicas reembolsadas. Com o nosso dinheiro, é claro.
Espiridião Amin, que foi senador de 1991 a 1998 e agora ocupa cadeira na Câmara dos Deputados, com uma cara-de-pau de causar inveja ao Pinóquio, acha muito natural. Por uma questão de “isonomia”. Para ele, não seria lógico um congressista perder o direito ao reembolso do Senado só porque se tornou deputado.
-– Se senador pode ter direito, entendo que um parlamentar federal, no mesmo Congresso Nacional, e no mesmo sistema previdenciário, também pode – argumentou, com candura, o ilustre catarinense, que só não ficou com os cabelos eriçados com a própria afirmação porque não os tem.
Apenas no ano passado, as despesas com atendimento médico de senadores somou R$ 6,7 milhões. E não há limite estabelecido para o gasto. Mais: a despesa poderá ser feita até no exterior, se uma comissão diretora autorizar. Ela sempre autoriza.
Na Câmara dos Deputados, os gastos foram de R$ 1,4 milhão em 2012.
Já em 2013, sob o comando do insigne Renan Calheiros, segundo a Folha de S. Paulo, o Senado gastou, nos sete primeiros meses do ano, 70% a mais com despesas médicas no Hospital Sírio-Libanês do que o total de 2012, incluídos consultas, exames, emergência, tratamento e atendimento complementar. Tem também os honorários médicos, cujo gasto neste ano foi de R$ 77,8 milhões. E – acrescente-se –, segundo o próprio Senado, não houve qualquer reajuste da tabela de preços do Sírio-Libanês. O aumento do gasto deve-se, muito provavelmente, segundo entendimento dos “técnicos” da casa, ao crescimento da demanda, aumento da quantidade das ocorrências e envelhecimento dos senhores senadores.
Não é uma gracinha? Quem disse que o atendimento médico no Brasil não é coisa de primeiro mundo? Ah, sim, aqueles pobres diabos que não são atendidos pelo SUS. Ou, quando são, ficam depositados em corredores, sobre armários e em depósitos fétidos. E ali aguardam a morte, que passa a serlhes uma bênção. Mas esses são apenas o povo. A mesma gentinha que paga o atendimento das excelências em hospitais e por médicos de referência mundial.
Ah, Francisco, Francisco! Quanto falta você nos faz!…
Parem de chorar, quem é que pagou pela quimioterapia do Lugo, quando ele ainda era o caudilho dos paraguaios? Alguém sabe? Já esqueceram não é mesmo? Se nem os médicos formados às custas dos nossos impostos querem atender a população pobre, esperar que politico vá ser atendido nas unidades do SUS é muita hipocrisia. A hora das palhaçadas e depredações já passou, e não é com questionamentos hipócritas que as coisas mudam. Chega de cinismo, em Pindorama sempre foi assim, e seguirá assim. E não com gritos irados de indignação que a realidade vai mudar.