6:24Atendimento médico de primeiro mundo. Por nossa conta

por Célio Heitor Guimarães

 

Agora se sabe por que senadores e deputados federais, a qualquer indisposição ou mau-súbito, correm a se internar em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês, o melhor e mais caro do país: somos nós que pagamos a conta. O mais recente hóspede da estrelada instituição de tratamento de saúde é o senador José Ribamar de Araújo Costa, vulgo Zé Sarney que lá está instalado, faceiro, cuidando de uma pneumonia, às nossas custas. Lula e Dilma também já passaram por lá.

 

Até o início de 2012 o Senado Federal já gastara R$ 25 milhões com despesas médicas e odontológicas de senadores, atuais e ex porque os ex que ficaram pelo menos 180 dias corridos no cargo também têm direito ao mimo. Os seus dependentes, idem.

 

Mesmo aqueles nobres parlamentares que deixaram o parlamento para se tornarem deputados ou prefeitos, têm suas despesas médicas reembolsadas. Com o nosso dinheiro, é claro.

 

Espiridião Amin, que foi senador de 1991 a 1998 e agora ocupa cadeira na Câmara dos Deputados, com uma cara-de-pau de causar inveja ao Pinóquio, acha muito natural. Por uma questão de “isonomia”. Para ele, não seria lógico um congressista perder o direito ao reembolso do Senado só porque se tornou deputado.

 

-– Se senador pode ter direito, entendo que um parlamentar federal, no mesmo Congresso Nacional, e no mesmo sistema previdenciário, também pode – argumentou, com candura, o ilustre catarinense, que só não ficou com os cabelos eriçados com a própria afirmação porque não os tem.

 

Apenas no ano passado, as despesas com atendimento médico de senadores somou R$ 6,7 milhões. E não há limite estabelecido para o gasto. Mais: a despesa poderá ser feita até no exterior, se uma comissão diretora autorizar. Ela sempre autoriza.

 

Na Câmara dos Deputados, os gastos foram de R$ 1,4 milhão em 2012.

 

Já em 2013, sob o comando do insigne Renan Calheiros, segundo a Folha de S. Paulo, o Senado gastou, nos sete primeiros meses do ano, 70% a mais com despesas médicas no Hospital Sírio-Libanês do que o total de 2012, incluídos consultas, exames, emergência, tratamento e atendimento complementar. Tem também os honorários médicos, cujo gasto neste ano foi de R$ 77,8 milhões. E – acrescente-se –, segundo o próprio Senado, não houve qualquer reajuste da tabela de preços do Sírio-Libanês. O aumento do gasto deve-se, muito provavelmente, segundo entendimento dos “técnicos” da casa, ao crescimento da demanda, aumento da quantidade das ocorrências e envelhecimento dos senhores senadores.

 

Não é uma gracinha? Quem disse que o atendimento médico no Brasil não é coisa de primeiro mundo? Ah, sim, aqueles pobres diabos que não são atendidos pelo SUS. Ou, quando são, ficam depositados em corredores, sobre armários e em depósitos fétidos. E ali aguardam a morte, que passa a serlhes uma bênção. Mas esses são apenas o povo. A mesma gentinha que paga o atendimento das excelências em hospitais e por médicos de referência mundial.

 

Ah, Francisco, Francisco! Quanto falta você nos faz!…

Compartilhe

Uma ideia sobre “Atendimento médico de primeiro mundo. Por nossa conta

  1. antonio carlos

    Parem de chorar, quem é que pagou pela quimioterapia do Lugo, quando ele ainda era o caudilho dos paraguaios? Alguém sabe? Já esqueceram não é mesmo? Se nem os médicos formados às custas dos nossos impostos querem atender a população pobre, esperar que politico vá ser atendido nas unidades do SUS é muita hipocrisia. A hora das palhaçadas e depredações já passou, e não é com questionamentos hipócritas que as coisas mudam. Chega de cinismo, em Pindorama sempre foi assim, e seguirá assim. E não com gritos irados de indignação que a realidade vai mudar.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.