10:52Tudo gravado

Do Goela de Ouro

 

Quase venerado pela sociedade paranaense, há três anos o professor Renê Dotti  deu uma trombada com essa mesma sociedade ao se  abraçar na defesa do caso Carli Filho. Aliás, caso que já está envergonhando a Justiça pelos constantes adiamentos do julgamento provocados por recursos absurdos. Agora o comentarista da Gazeta do Povo e até dias atrás da CBN, Airton Cordeiro, ameaça contratar o jurista para defendê-lo da acusação de assédio sexual a funcionárias da Rádio CBN. Fato que causou rebuliço nacional devido à greve do pessoal da emissora, solidário às profissionais atingidas pelo comportamento de Cordeiro. Seria interessante que Dotti, se foi mesmo procurado, e antes de tomar uma decisão, se dispusesse a ouvir as cinco gravações onde as funcionárias dão detalhes das propostas que ouviram. Não foram galanteios, muito pelo contrário.

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15 ideias sobre “Tudo gravado

  1. Edward Rocha de Carvalho

    Ele pode ouvir e decidir o defender mesmo assim. Todos os cidadãos têm direito a defesa e é engraçado como tal direito é rejeitado até que a própria pessoa necessite dele. Afinal de contas, não há punição antecipada, massacre pela mídia ou coisa que o valha que possa ser considerada legítima. Tampouco pré-juízos, fundados ao se ouvir somente um lado da história (ainda que tenha razão, ressalte-se, antes que se diga que se está a desqualificar as garotas). Numa democracia, deve-se ter um processo para que as pessoas sejam condenadas ou absolvidas; e nele a presença de um advogado é indispensável, como estabelece a Constituição. Goste-se ou não. Por outro lado, a aceitação da defesa de uma pessoa não poderia vincular o advogado, justamente porque o juízo de valor negativo já foi feito por outras pessoas. Ora, fizesse isso, seria um Juiz porque julga, um acusador porque convicto da culpa, não um defensor da Constituição e das liberdades, ainda que de pessoas tidas como culpadas; e de “culpa” a sociedade é expert em atribuição a inocentes, vale também notar. Do advogado de verdade não se exige nem mais, nem menos: só que defenda a Constituição, ainda que contra todos.

  2. Edson

    Não sei o Rene Dotti tem título de cidadão honorário de alguma cidade, mas, desde já, sou a favor de cassá-los….. TODOS.

  3. Fausto Thomaz

    Infelizmente chega um momento em que o bom profissional esquece a questão moral e honra, e só passa a interessar a questão $$$$$$$$$$$$….acontece com todos, sem exceção

  4. Celso Nascimento

    Absolutamente absurda e descabida a crítica ao professor e grande jurista Renê Dotti. Qual é a sua atividade profissional e pela qual se notabilizou conquistando respeito nacional? Ora, é a de advogado! Da mesma forma como um doente procura o médico para curar-se, um acusado busca advogado para se defender – direito inalienável de qualquer cidadão. Nem o médico deve ser responsabilizado pela doença do paciente, nem o advogado pelo eventual crime do acusado. Simples assim: ambos, médico e advogado, apenas cumprem as funções e prerrogativas de suas respectivas profissões. Seria surreal advogados escolherem só clientes inocentes e médicos só aceitarem pacientes sadios. Ora, pois, é uma supina estupidez criticar o professor Dotti pelo fato de defender Ribas Carli ou qualquer outro acusado. Ninguém quer se lembrar da defesa (gratuita) que Dotti presta aos jornalistas vítimas de processos de intimidação? Ninguém é capaz de lembrar do papel que Dotti teve durante a ditadura militar em defesa dos perseguidos pela violência do regime? Ora, convenhamos…

  5. Roberto

    ..É grana na jogada….E quando há grana, esquece-se a ética, pudor, conceitos, moralismos, sociedade…enfim…
    O importante é a conta bancária…

  6. Carlinhos

    Os servidores do IAP de Pato Branco também estão sendo defendidos pelo mesmo causídico.

  7. Renato Yoshi

    Bom que surjam esta fitas no processo. Pois caso contrário ficará no ar a denúncia. Aí o bando de gralha terá que pagar indenizações, todo o dinheiro guardado na poupança, ao vovô Ayrton. Ainda ler o direito de resposta no ar, imagine a cara da raposa Wille lendo.

  8. Coronel Perseu Jacutingassa

    Sr. “Celso Nascimento” e assemelhados,
    É óbvio que advogado é para defender. Assim como “soldado é para cumprir ordens” ou “jornalista é para dar notícias” e “publicitário é para vender”.
    Óbvio ululante, rodrigamente dizendo.
    A questão é que a sociedade tem esse “péssimo” costume (aspas indicando ironia, para quem não entendeu) de formar opinião sobre tudo. Que abuso não é ? No caso, não se discute se o incensado causídico pode ou não pode defender a Madre Tereza, Stalin ou seja lá quem for.
    O que fazemos aqui, numa amostra fidedigna do que pensa a sociedade informada, é um juízo (não judicial) moral íntimo e social. Não podemos fazê-lo ? Sim, podemos, pois o juízo de cada um de nós é propriedade nossa. Eu penso o que quiser de quem defende crápulas e de quem defende santos.
    A sociedade faz juízo “social” (obviamente) com base em seus valores. O Estado faz seu juízo “judicial” com base em seu arcabouço normativo (que tende a refletir os valores morais de uma sociedade, mas nem sempre, v.g. a maioridade penal);
    Posso achar que um soldado deveria descumprir ordens por atentarem contra meus valores, posso desacreditar um jornalista que escreve sob encomenda, e posso censurar uma propaganda mentirosa, por mais legítimo que seja o exercício profissional dos envolvidos.
    Então, não encha o saco com esse papo que cria uma redoma de isenção moral ao confeitado causídico. Ele fez uma opção, sabendo da rejeição que isso traria. Mas certamente sopesou perdas e ganhos (dinheiro, propaganda gratuita etc etc). Escolheu ele. Escolho eu também minha opinião sobre quem defende carlis e assemelhados.
    (pausa dramática)
    Obrigado.

  9. Estanislau - O Livre Pensador na Terra dos Debochados

    Depois do comentário do Coronel, eu só tenho que fazer…psiu, psiu, psiu!!!!!

  10. poor devil

    Todo mundo é inocente até ouvir o final das cinco fitas, depois se decide se o Ayrton assediou ou não a estagiária. Depois de ouvir as cinco fitas com as cantadas do Ayrton o eminente jurista se decida ou não em defender o assediador. Mas que forma estupida esta de dar cantada. Talvez o Ayrton tenha se esquecido, mas já estamos no século XXI, e os costumes de hoje são um pouco diferentes do que costumavam ser no século passado.

  11. Estanislau - O Livre Pensador na Terra dos Debochados

    Essas são as contradições da moral dos que se acham “mais iguais”, assediam estagiárias menores e entram nas filas preferencias(idosos) nos bancos. Hihihihihihihhi – com a sua permissão Zééé….

  12. Perdendo tempo a toa ao invés de trabalhar

    Ué, eu achava que quem advogava de graça pra jornalistas era o Perererererererinha…Uma mão lava outra, notinhas são sempre bem vindas.

  13. Eduardo Henrique Knesebeck

    Não causa espécie a polêmica, mesmo que infundada. Direito a defesa, todos temos. Alguns com direito $ólido e concreto a um Professor Dotti, um Dalledone ou um Mattar Assad (e às consequentes inserções midiáticas), outros com o “mero” direito à defesa técnica previsto na Constituição. Lembremos da embromação da Defensoria Pública. Se o Professor Dotti deveria ou não ter assumido o processo do Carli ou se deve ou não assumir esse caso, vai da consciência de cada um. Particularmente, acho que sim. Mas daí a dizer que ele se pauta por motivos vis, como dinheiro ou publicidade, para assumi-los, chega a ser ingênuo. Quem conhece seu escritório (de mais de cinquenta anos) de três andares sediado na Marechal Deodoro (um local de altíssimo custo) sabe que dinheiro não é a maior das suas preocupações (embora esteja certo de que cobra honorários, e que são volumosos). Quero crer que não foi por fama que ele escolheu defender esses casos, já que existe um livro chamado “Notáveis do Direito Penal – Livro em homenagem ao emérito Prof. Doutor René Ariel Dotti”, cujos coautores estão entre as maiores personalidades jurídicas do Paraná (quiçá do Brasil) e cujo prólogo foi redigido pelo próprio Eugenio Raúl Zaffaroni. Enfim. Estão mais do que certos os réus (ou potenciais réus) em procurar por uma das melhores defesas técnicas que o dinheiro pode pagar no Brasil (em diversas áreas do Direito, saliente-se). E está mais do que certo o nobre Professor em aceitar defendê-los, uma vez que é sua profissão. Compartilho, contudo, da precisa consultoria acima veiculada de que o Professor “se dispusesse a ouvir as cinco gravações onde as funcionárias dão detalhes das propostas que ouviram”. Não sou advogado, mas creio ter assistido suficiente Law & Order para afirmar que seria, ao mínimo, temerário não fazê-lo. Mas sou de opinião que o Professor René (com acento agudo, pasmem os que não se dignaram a pesquisar seu nome) Dotti, do alto de sua experiência advocatícia “triconstitucional” (porque atuou na advocacia à égide de três Constituições Federais) terá a perspicácia de perquirir sobre as gravações. Mas vale a dica, muito oportuna.

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