9:21Perdeu? Foi o estádio!

por Sérgio Brandão

 

O estádio é um antigo conhecido. Assim como o clube do coração. Os três- (o torecedor, o estádio e o clube), foram apresentados quando ele ainda era pequeno e desde criança não sai mais de lá. Os três formam um trio como milhares espalhados pelo país. Arrisco dizer que em cada um dos estádios brasileiros, num grupo de 10 torcedores, pelo menos a metade ou talvez mais, tem o mesmo perfil.

Antes de sair de casa, algumas horas antes, passa pela triagem: a cueca, o tênis e a camisa do clube precisam ser os mesmos dos outros jogos. São eles que garantem a vitória em campo. Cumprindo tudo aquilo, nada pode dar errado. Mas tudo precisa ser visto com cuidado. Errar em um detalhe, tudo estará perdido. O segredo está no conjunto. Sem aquela cueca, sem aquela camisa – número 1 do uniforme, carro estacionado no mesmo lugar, radinho, fone de ouvido… Isso tudo é tão importante quanto o treinamento do time na semana daquela rodada. Superstição? Que nada!!! Nem acredita nestas coisas. Isso não funciona. Mas para não ser responsabilizado por uma eventual derrota, o ritual precisa cumprido à risca.

No dia do jogo, além da cueca, da camisa do uniforme número 1, ainda vale o portão de acesso ao estádio. A brincadeira vai um pouco mais além: a entrada precisa ser feita por um portão e a saída por um outro, que fica um pouco longe. Dá um pouco de trabalho. Pra isso precisa andar mais, na semana seguinte, entretanto, o esforço é compensado com uma bela vitória.

O encanto da cueca, da camisa do uniforme número 1, o radinho, com aquele fone de ouvido, com o carro que precisa ficar estacionado na mesma rua, e, ainda, com o mesmo menino que se oferece para cuidar, são muito calculados. Até o menino que cuida do carro precisa estar lá. Aquele menino já foi responsável por muita derrota faltando ao trabalho num domingo de futebol. Não pode ser substituído por ninguém. Tudo precisa ser como sempre foi. E passam por uma verdadeira varredura um dia antes. A cueca do jogo não é usada durante toda a semana. Fica lá, preservada, resguardada como o craque do time que decide – e smpre bem lavada, porque cueca suja dá azar.

Até o café da manhã precisa ser tomado na caneca com as cores e o emblema do time do coração.

Quando tudo é obedecido e ainda assim a derrota insiste em bater à sua porta, é porque descobriram seu segredo. Tudo se  perdeu e precisa ser refeito. Não demora muito para que novos hábitos sejam incorporados.

Hoje o time perdeu e a culpa é dele. O jogo foi fora de casa e nestes casos a camisa a ser usada é do uniforme número 3. Ele vestiu a camisa errada. Estava com a 1. A culpa foi dele. Desculpa pelo fim da invencibilidade, tá??!!

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