10:30O cachorro e a notícia

Do analista dos Planaltos

 

De tanto tentar transformar o arranca-rabo pessoal com o deputado Fábio Camargo em jornalismo engajado em causas nobres, o jornal Gazeta do Povo acabou ignorando o aforismo do jornalista Charles Anderson Dana ( 1819-1897),  segundo o qual quando um cachorro morde um homem não é notícia, já quando um homem morde um cachorro é notícia. A eleição de um parlamentar para ser conselheiro do Tribunal de Contas (quando a vaga, pelo sistema de rodízio em vigor há décadas, estabelece que uma vaga ao TC é indicação do governador e a vaga seguinte da Assembleia), é uma não notícia. A não ser que se considere que o fato de o jornal ter se oposto a esse sistema de escolha, em editoriais e manifestações, transforme esse processo de escolha em um crime hediondo.

Na cruzada, o jornal esqueceu também a definição mais moderna sobre o que é notícia, formulada por Júnia Nogueira de Sá, quando a jornalista exercia a função de ombudsman da Folha de S. Paulo:

“Se um cachorro morde um homem, isso não é notícia. Se o homem morde o cachorro, também não é notícia. Se o homem estivesse pagando ao cachorro por seus favores sexuais, aí sim seria notícia. Mas não seria uma notícia de primeira página. Para ser manchete, o cachorro teria de ser menor de idade e o homem deveria ter um cargo importante no governo. Ou o cachorro e o homem deveriam ter, ambos, o mesmo sexo – a menos que trabalhassem no cinema, o que transformaria a manchete numa notinha da coluna de fofocas. Se o cachorro tivesse falsificado o nome de alguém bastante conhecido num cheque, aí seria notícia de novo. Agora, se o cachorro fosse um grande anunciante, o caso teria muito menos interesse do que poderia parecer a princípio.”

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3 ideias sobre “O cachorro e a notícia

  1. Dona Tidoca

    ZB um exemplo de jornalismo que não é praticado na capital da província.

    E.t o leitor só tem informação nesse editorial.

    A Rede Globo no STF

    Será que, enfim, a Rede Globo sentará no banco dos réus dos tribunais desse país?

    10/07/2013

    Editorial da edição 541 do Brasil de Fato

    O jornalista Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, denunciou que a Rede Globo, em 2002, ainda no governo FHC, promoveu uma sonegação de impostos milionária. Foram sonegados 183 milhões de reais dos cofres públicos.

    Em 2006, quando a Receita Federal concluiu o processo, somados os juros e multas, a sonegação elevou-se para R$ 615 milhões. Mais de meio bilhão de reais, em valores de 2006, surrupiados do povo brasileiro. Terá sido este roubo o motivo da Globo enfatizar com insistência, e repetido em coro pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, que o chamado mensalão petista era o maior caso de corrupção do país?

    O autor d’O Cafezinho é ainda mais contundente: “(…) a ficha criminal da Globo vai muito além dessas estripulias em paraísos fiscais. A Globo cometeu crimes históricos contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobras. Fez parte do golpe que levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente, com dinheiro estrangeiro de um lado, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nossa democracia”.

    Acrescenta-se que, durante a CPI do Carlinhos Cachoeira, que investigava as relações promíscuas do bicheiro com a revista Veja, a Globo fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação.

    Não é de estranhar o silêncio da revista do grupo Abril sobre essa denúncia e, muito menos, se amanhã ela retribuir o apoio recebido da família Marinho. Os conluios geram compromissos de mútua proteção.

    Agora, através do blog O Escrivinhador, do jornalista Rodrigo Vianna, soube-se que a Receita Federal, quando concluiu o processo, solicitou a abertura de uma Representação para Fins Penais – uma investigação criminal – contra os donos da Globo. Isso em 2006!

    Por que o Ministério Público Federal engavetou esse pedido e tornou-se conivente dessa ação criminosa? O mesmo MPF que, liderado por Gurgel e com apoio da Globo, fez a população brasileira acreditar que a aprovação da PEC 37 iria favorecer a corrupção no Brasil. Ambos, Globo e MPF, ao segurar os cartazes nas passeatas, não estavam somente nus. Estavam, também, cagados. Deve, o MPF, uma resposta à população brasileira sobre o porquê não investiga a Rede Globo.

    Vianna faz outra denúncia grave: os funcionários da Receita Federal no Rio estão em pânico porque o processo contra a Globo simplesmente sumiu! É um processo que vai além dos R$ 615 milhões sonegados. Ele revela as contas da família Marinho nos paraísos fiscais.

    Ora, é assim que os ricos se livram das condenações, fazendo os processos desparecerem? Atestam suas inocências promovendo novas ações criminosas? Certamente, se comprovada essa denúncia, o sumiço do processo exigiu corromper alguns novos funcionários públicos. O cheiro de esgoto que exala da vênus platinada é cada vez mais forte.

    Dizem, os gaúchos, que o diabo faz a panela, mas não faz a tampa. Espera-se que este caso da Globo sonegar impostos não desacredite o ditado.

    Mas há sinais desalentadores. Em março o jornal O Globo premiou Joaquim Barbosa como Personalidade do Ano. Em maio, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, usou o dinheiro público para pagar a passagem aérea de uma jornalista do jornal O Globo para cobrir sua participação em um seminário sobre liberdade de impressa (não há ironia nesse fato!), na Costa Rica. No dia 02 de junho, o presidente do STF e seu filho, Felipe, assistiram ao jogo Brasil x Inglaterra, no Maracanã, no camarote de Luciano Huck, apresentador da Rede Globo. Agora em julho, a Rede Globo contratou Felipe para ser seu funcionário.

    A jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, revela, nessa semana, outra coincidência envolvendo Felipe, o filho de Barbosa. De 2010 até ser contratado pela Globo, ele foi funcionário do grupo Tom Brasil. Essa empresa é investigada no inquérito 2474/STF, derivado do chamado mensalão petista. O inquérito identificou pagamento da DNA propaganda, de Marcos Valério, para a Casa Tom Brasil, com recursos da Visanet, no valor de R$ 2,5 milhões. O pagamento foi autorizado por Cláudio de Castro Vasconcelos, gerente-executivo de Propaganda e Marketing do Banco do Brasil, desde o governo FHC. Estranhamente não foi denunciado na AP-470 junto com o petista Henrique Pizzolato.

    Parece que a Rede Globo realmente chegou no STF. Infelizmente não para sentar no banco dos réus.

  2. poor devil

    Aquele pessoalzinho lá da praça Carlos Gomes acha que tem o poder de pautar todo mundo, desde o pessoal lá da Casa de Ali Babá, pego com o porco nas costas lembram-se? passando pela Prefeitura, Palácio Iguaçu, Poder Judiciário, enfim toda a sociedade. De onde este pessoal pensa que tem tanto poder? Da sociedade que não lhe corta as asas.

  3. Clecyo de Sousa

    …antes colocar nas linhas da Gazeta a putaria do TC + Assembleia + Richa do que nada. A GZP pode ter se equivocado ao abordar o assunto da eleição do TC pelo viés político. Mas pelo menos o fez na busca de colocar a imoralidade desta questão em pauta. Melhor do que o silêncio conivente dos releases do Palácio das Araucárias e afins.

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