17:32Processo sobre pertences das vítimas do voo 1907 está parado há um ano em Curitiba

A Associação dos Familiares e Amigos do Voo 1907, acidente do voo da Gol com jato Legacy  espera há um ano que o processo dos pertences (um dos processos que corre na justiça brasileira) que o processo, que está aqui em Curitiba, seja DIGITALIZADO. Só depois, que ele deverá seguir para ser julgado em Porto Alegre. Este processo, sendo dos pertences, tem como único objetivo da Associação é o ressarcimento moral e a justiça para as 154 vítimas desse acidente que completará 7 anos em 29 de setembro. Confiram:

 

 

Processo de pertences do Voo 1907

 

            Desde o dia 15 de junho de 2012, data em que a sentença da juíza responsável pela decisão sobre o processo de pertences/pilhagem do acidente do Voo 1907 da Gol foi publicada, a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 aguarda ansiosamente pelo julgamento do processo. Na ocasião, a Associação entrou com recurso na 2ª Vara Federal de Curitiba e agora aguarda a tramitação normal do processo, que será enviado eletronicamente ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre, sendo em seguida distribuído a um dos desembargadores componentes da Corte. O julgamento então será realizado por um órgão colegiado, composto por três desembargadores federais.

            A tragédia  ocorreu em 2006 quando o jato Legacy, pilotado pelos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, colidiu com o Boeing da Gol, deixando 154 mortos.

 

A testemunha foi o familiar Maurício Saraiva, que perdeu a sua companheira na tragédia e, alguns dias após o acidente, antes mesmo de o corpo ser encontrado, recebeu uma ligação do celular da esposa. “Chamaram-me de Pretinho, que era como ela me chamava. A pessoa, do outro lado da linha, disse que havia recebido o celular para consertar, lá no Rio de Janeiro”, afirmou. Ele ainda diz que resgatou o celular e tem o aparelho guardado até hoje.

 

O resgate dos corpos era responsabilidade do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), presidido na época pelo Brigadeiro Jorge Kersul Filho. Uma série de problemas em relação ao furto de pertences das vítimas, entre outras questões, levou a discussões na CPI do caos aéreo, instaurada um ano após o acidente. Nesses debates os familiares das vítimas pediam a investigação e Kersul  declarou que pessoas estranhas tiveram acesso ao local do acidente, incluindo os próprios familiares e índios da Floresta Amazônica, local onde o avião caiu.

 

Vários familiares reclamaram os pertences e objetos pessoais das vítimas. Rosane Gutjahr, viúva de Rolf Ferdinando Gutjahr, diz que recebeu documentos em papel do marido, mas que objetos de valor e muito mais resistentes do que papel não voltaram. “Não quero os objetos do meu marido pelo valor material, mas, sim, pelo emocional, pelo que o meu marido significa pra mim”, desabafa. Além dos familiares a ministra Eliane Calmon, também solidária ao caso, pediu agilidade e diz que a resolução deste processo é de interesse nacional através de carta enviada à Associação.

 

Em tempo: Segue na íntegra declaração dos familiares sobre os pertences:

Declaração de Maurício Saraiva:

O acidente da Gol foi no dia 29/09/2006, dois dias após essa data, durante à noite, ou melhor, dia 02/10, data na qual o Graça ainda não tinha sido localizada, recebi um telefonema do RJ, uma pessoa de nome Marcelo, que assim se manifestou:

         eu quero falar com o pretinho (a graça me chamava de pretinho).

         Quem está falando?

         É o pretinho que fala?

         Sim sou eu mesmo.

         Ouça, meu nome é Marcelo, sou dono de uma loja aqui em Nilópolis, subúrbio do RJ.

         Sim, e daí?

         Ontem dois homens tiveram aqui na loja para consertar um celular. Enquanto eu olhava o aparelho, eles conversavam e um disse ao outro: esse aparelho foi um “carinha” da aeronáutica que descolou do avião da gol, que caiu no MT.

         Eu fiquei indignado com aquela conversa e decidi mudar o miolo do aparelho dos dois caras e fiquei com o miolo do aparelho que eles trouxeram para consertar.

         Decidi ligar também para a última pessoa que a dona do aparelho ligou antes do avião cair.

         Marcelo, meu nome é Maurício, eu sou o marido da Graça, gostaria que você me enviasse o aparelho.

         Legal lhe envio sim, me informe seu endereço.

Tal como combinado, Marcelo me enviou o aparelho, que temos até hoje.

Declaração Angelita de Marchi – Viúva de Plínio Luiz de Siqueira Junior

“Com relação aos pertences do meu marido, o que me foi entregue foi o laptop dele, que estava bastante destruído e algumas peças de roupas. O relógio dele, as canetas Mont Blanc que ele tinha, as correntes de ouro e o celular não foram devolvidos. Não queria os pertences pelo valor material deles, mas sim pelo valor afetivo, o valor emocional. Houve um grande desrespeito com os familiares na questão dos pertences.”

Declaração Anne Caroline Rickli – Filha de Maria das Graças Bezerra Rickli

“Nada de valor foi devolvido, só vieram os documentos pessoais intactos, não veio dinheiro, nem cartão, nem carteira, nem celular. Ela sempre andava com jóias, colar, brinco e anéis de ouro, aliança. As jóias eram de ouro pois minha mãe tinha alergia. Ela nunca foi de viajar sem jóias, sempre andava com anéis, colar, brincos e outras jóias, mas o corpo veio sem nada.”

Declaração de Andréia Cunha Ferri – Viúva de Ricardo Leandro de Souza

“Me devolveram pouca coisa do Ricardo. Apenas um pé de tênis, um sapato e algumas peças de roupa. De documentos eu recebi o CPF, o título de eleitor, a habilitação e 45 centavos em moeda. O que foi bem estranho é que me devolveram a capa da máquina dele intacta e a máquina fotográfica não foi devolvida. Queria muito ver as últimas fotos que ele fez, pois a máquina com certeza foi roubada, não há outra explicação pois me devolveram a bolsa da máquina e era impossível que ela não estivesse ali dentro.”

Sobre a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907

 

A Associação foi fundada em 18 de novembro de 2006, pouco depois da tragédia, na cidade de Brasília, no Distrito Federal, com o objetivo de reunir e organizar os familiares e amigos das vítimas do acidente aéreo voo 1907, da empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A, para lutar pela defesa de todos os direitos e interesses dos que sofreram e sofrem com a morte de entes queridos. A Associação busca a justiça em todas as esferas administrativas e judiciais (cível e criminal), para que os culpados pelo acidente sejam responsabilizados. É possível manifestar apoio seguindo o microblog Twitter no endereço @rosanegutjhar e também no Facebook em www.facebook.com/rosane.prgkeb?ref=ts. Mais informações pelo sitehttp://www.associacaovoo1907.com/?l=que, onde também é possível aderir ao abaixo-assinado.

 

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