11:44Tudo sobre o comunismo

Você não pode obter boa comida chinesa na China e charutos cubanos são racionados em Cuba. Isso é tudo que você precisa saber sobre o comunismo. (P.J. O’Rourke)

 

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Uma ideia sobre “Tudo sobre o comunismo

  1. Inhô Belarminho

    Crônicas paulistanas ou curitibana.

    Era a manhã de uma quinta-feira, no “bairro nobre” de Higienópolis, em São Paulo. Pelas ruas, uma passeata, alguns folhetos e cartazes: os moradores de classe média “alta” do bairro puseram-se em movimento para impedir a construção de uma estação de metrô em sua vizinhança, alegando que a presença cotidiana de trabalhadores em trânsito traria violência, perigo, sujeira e crime, ameaçando a ordem e a segurança da região.

    Era um sábado à noite. Nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, centenas de passageiros enfrentavam uma situação caótica: voos atrasados, alguns cancelados, outros transferidos de um setor para outro dos aeroportos, sem aviso prévio. Muita confusão. Uma parcela dos passageiros, com valises estampando griffes famosas para marcar sua posição de “alta” classe média, manifestou coletivamente seu profundo desagrado e, aqui e acolá, ouvia-se o mesmo refrão: “é isto o presente de grego deste governo. Entupiu os aeroportos com a gentalha que deveria estar nas estações rodoviárias, onde é o seu lugar!”.

    Era um domingo à tarde. Precisei ir ao banco para fazer uma retirada de dinheiro

    Para as despesas da semana. Meu genro me deu uma carona, mas ao chegar à agência bancária não lhe foi possível estacionar porque as três entradas para carros estavam obstruídas por um enorme automóvel prateado, cujos vidros escuros impediam-nos de saber se havia alguém ali. Desci no meio da rua e ao me dirigir ao banco voltei-me para o veículo prateado e indaguei em voz bem alta, pois não sabia se, além de escuros, impedindo a visão, os vidros também seriam blindados, impedindo a entrada de algum som:

    – Há alguém aí? Vocês vão ao banco? Estão impedindo o estacionamento de outros carros!

    Nenhuma resposta.

    Entrei na agência bancária e ia começar uma operação quando uma moça, toda faceira, vestida, calçada e maquiada com todas as marcas grã-finas, se aproximou e gritou:

    – Não tem educação, não? Vai gritando assim pela rua? Retruquei:

    – Você ocupou todo o espaço disponível para o estacionamento dos carros e eu não

    sabia sequer se havia alguém no seu carro.

    Nesse exato momento, entrou um homem (não tão moço quanto ela, mas também coberto de griffes da alta moda) e gritou:

    – Você pensa que eu vou estacionar o meu Mercedes em qualquer lugar? Foi a conta. Do fundo das minhas entranhas veio o brado:

    – Você é o típico representante da classe média paulistana! Fascista! Você é uma abominação política!

    Por alguns segundos ele ficou sem ação, mas a moça não teve dúvidas: me bateu. Voltei-me para ela:

    – Você vai passar da violência verbal para a violência física? Você é uma abominação ética!

    Os dois se entreolharam perplexos e ele retomou a iniciativa:

    – Você é uma velha feia!

    Foi a sopa no mel. Repliquei:

    – A minha idade é um fato da natureza, é um dado objetivo. Você não pode transformar um dado da natureza num xingamento. Você é uma abominação cognitiva!

    Os dois ficaram imóveis por um momento e partiram sem dizer mais nada.

    Na verdade, foram derrotados naquilo em que, certamente, são sempre vitoriosos: seu intento, típico de classe média, de fazer valer o “sabe com quem está falando?”. De fato, suas falas procuraram automática e imediatamente estabelecer uma relação de hierarquia, em que eles eram a parte superior e eu, a parte inferior do pedaço: não tenho educação, não sei o valor de um Mercedes, devo mesmo apanhar e sou uma velha feia diante de dois jovens (ele, nem tanto) elegantes e bonitos. O intento era me inferiorizar e me humilhar, isto é, me pôr no meu lugar. Afinal, o que é que estou pensando que sou?

    Obs.: ZB….cópiei da “interneta”

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