8:37Os índios e o confronto entre Roberto Requião e Katia Abreu

Ontem, no plenário do Senado, os senadores Roberto Requião (PMDB/PR) e Katia Abreu (PSD/TO), dois políticos que não tomam mel, comem a abelha, transformaram a tribuna em palco de guerra. Requião atirou flechas defendendo os índios que, dizimados desde sempre, agora têm como algozes os fazendeiros e são protegidos pelo governo que agrada o agronegócio. Katia,  que é presidente da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), acionou o trator e chamou Requião de preconceituoso. Disse que o estado dele, o Paraná, é um dos maiores produtores agrícolas do país e que são os responsáveis pelo agronegócio que têm suas fazendas invadidas, num movimento organizado por minoria radical que, apesar de ter suas reservas aumentadas, só se interessam por áreas produtivas. Ela também atacou o governo, principalmente o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, que não está cumprindo ordens da Casa Civil da Presidência da República que mandou suspender as demarcações de terras indígenas. Confiram os textos dos postados pelos dois senadores por suas respectivas assessorias:

 

 

Requião diz que governo omite-se no conflito com os índios para agradar agronegócio

O senador Roberto Requião disse nesta terça-feira (11), no plenário do Senado, que o assassinato do terena Oziel Gabriel, no Mato Grosso do Sul, estado que concentra mais de 50 por cento doas assassinatos de índios no país, nada mais é que um outro episódio da longa guerra de extermínio do índio brasileiro. Requião deplorou ainda que o Governo Federal não esteja agindo para impedir o conflito, agradando assim o agronegócio. Requião lembrou ainda a Carta Régia de 1808, do então príncipe regente D. João, declarando guerra aos índios de Minas Gerais, na sequência generalizada por todo o país. Segundo ele, as mesmas justificativas usadas há quase dois séculos atrás para a decretação de guerra transformam-se em argumentos hoje para a expropriação de terras indígenas pelo agronegócio e mineradoras.

 
Kátia Abreu diz que invasões de terras por indígenas é movimento organizado e exige que Ministério da Justiça cumpra a lei

 

As invasões de terras produtivas por grupos indígenas em todo o País é um movimento organizado de uma minoria radical contra os produtores agrícolas, levando instabilidade social ao campo, afirmou nesta terça-feira (11.06), em discurso, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA).

Ela fez duras críticas ao Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, que “não está cumprindo determinações da Casa Civil da Presidência da República de suspender as demarcações de terras indígenas no Mato Grosso do Sul (MS), única forma de evitar conflitos entre brancos e indígenas”. Antes de ocupar a tribuna, a senadora Kátia Abreu presidiu por mais de uma hora os trabalhos da sessão ordinária do Senado.

Kátia Abreu criticou, também, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) que afirmou serem as “elites fazendeiras responsáveis” por várias mortes de índios, especialmente no Mato Grosso do Sul. Para a senadora o termo utilizado pelo parlamentar é preconceituoso e os produtores rurais precisam ser tratados com respeito porque garantem o crescimento da economia brasileira. O “agronegócio cresceu 9,5% no primeiro trimestre de 2013, ante a estagnação dos demais setores”, argumentou.

Agronegócio – O agronegócio, reiterou a senadora, representa 40% das exportações totais do País e 25% de todo o Produto Interno Bruto (PIB), precisando apenas de segurança jurídica e tranquilidade para poder produzir e gerar riqueza para os brasileiros. Ela destacou que existem 66 fazendas invadidas por índios no Mato Grosso do Sul e que as ações de reintegração de posse não acontecem por uma completa inoperância do ministro Eduardo Cardoso:

– Eu exijo que o ministro da Justiça cumpra as determinações legais porque ele não é ministro dos indígenas, ele é ministro de todos os brasileiros e precisa agir com isenção e dentro das normas legais, disse.

A senadora informou ao plenário sobre uma grande manifestação que vai acontecer na cidade de Nova Alvorada do Sul, no Mato Grosso do Sul, Estado onde se concentram os conflitos entre índios e brancos. Disse que a manifestação, sob o lema “Onde há Justiça, há espaço para todos”, pretende reunir mais de 10 mil participantes, rurais e urbanos, de forma ordeira e pacífica, em protesto contra as invasões de terras produtivas na região e na defesa da suspensão imediata das demarcações de terras indígenas, conforme já ocorreu no Rio Grande do Sul e no Paraná.

Guerra civil – A parlamentar alertou o Governo e a sociedade para o perigo de uma “verdadeira guerra civil entre índios e produtores rurais”, devido a ação deletéria e intempestiva de grupos radicais, que agem como bárbaros e inconsequentes. Lembrou, ainda, que até em seu Estado, o Tocantins, onde não existem conflitos de terras passados 25 anos de sua criação, “de 20 dias para cá surgiram passeatas e manifestações de grupo indígenas por ampliação de suas terras”. Não sei onde poderemos chegar com tanta radicalização, alertou.

A senadora recebeu apartes dos senadores Waldemir Moka (PMDB/MS) e Sérgio Souza (PMDB/PR), que lhe manifestaram solidariedade. O senador Moka destacou sua “luta e coragem em defesa dos produtores rurais e do império da lei”. Na opinião do senador do Mato Grosso do Sul, o que está acontecendo agora “é uma crônica de uma tragédia anunciada. Para ele, alguns setores querem transformar o produtor rural em vilão desse obscuro processo, quando ele é apenas vítima do não cumprimento da lei.

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Uma ideia sobre “Os índios e o confronto entre Roberto Requião e Katia Abreu

  1. Mr.Scrooge

    O suplente da nossa ministra loirinha entrou no livrinho preto do senador destemperado. Além de ser protegido do Pançuti, desafeto do senador, agora caiu na “besteira” de defender o único setor que tem mostrado algum crescimento em 2013.

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