16:32Início arriscado

por Igor Gielow*

 

Senador surpreende e arrisca em discurso

 

Em seu discurso de posse como presidente tucano, o senador Aécio Neves surpreendeu com a defesa das privatizações.

Nenhum candidato tucano teve coragem de fazer isso nas últimas três eleições presidenciais, e Geraldo Alckmin (SP) teve de passar pelo constrangimento de usar um macacão coalhado de logos de estatais no pleito de 2006. Não deu certo e o PT, que também promoveu privatizações, fez colar no PSDB a imagem de “vendilhão dos bens públicos”.

Também muda o figurino tucano da última década a defesa aberta de Fernando Henrique Cardoso e seu legado na Presidência (1995-2002), algo que o partido evitou a todo custo até aqui. FHC, que acabou impopular seu segundo mandato, era visto como um “tirador de votos” pelos marqueteiros tucanos. Resta saber como será agora.

Se essa mudança na estratégia é novidade, parece bem arriscado o roteiro de dizer que tudo o que PT fez de bom no governo teve origem nos anos FHC.

Independentemente de a manutenção e ampliação de políticas ter ocorrido, como foi no caso de programas sociais de transferência de renda e na ortodoxia econômica, parece complicado embalar isso para o eleitor sem causar alguma confusão.

Aí entra o ponto no qual o discurso de hoje, recheado de críticas que soam como música para o empresariado e para classes com mais renda e escolaridade, não tocou. Se é preciso “fazer melhor”, como dizia o texto original de seu discurso, Aécio não explicitou como isso ocorreria.

*Diretor-executivo da sucursal da Folha de São Paulo em Brasília

 

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