O Corinthians perdeu, mas ensinou ao Boca que dá pra jogar “na bola”, sem aquela palhaçada de vale tudo que não leva a nada. Melhor perder pra um time que joga do que pra um time que não deixa jogar na porrada. Não tem do que reclamar quando se perde na bola. Ainda mais quando o gol sai dos pés de um gênio do futebol. Dos 22 jogadores em campo, só Roman poderia pensar numa jogada como aquela, que decidiu o jogo.

Como o Tite, não vou reclamar do juiz, que não deu pênalti num lance que no vôlei seria punido como condução, quando o jogador “conduz” a bola com as mãos. Nem do gol anulado que o tira-teima teima em mostrar que foi legal. Só nunca mais quero ver este juiz nos jogos do meu time. Tchau, Amarilla.

O Corinthians jogou, por alguns momentos, em lampejos, como jogam os melhores times do mundo. Jogadas coletivas brilhantes, que só não terminaram em gol por detalhes. Uma evolução inédita no futebol brasileiro. O Corinthians começa a frequentar um estágio superior. Mas foram lampejos, ainda falta muito pra ser um time pleno na maior parte do tempo. Pelo que o Edenilson fez no segundo tempo, imagine dois laterais ativos no lugar de Alessandro e Fábio Santos e teremos um time muito mais forte, com opções de jogada que hoje não existem. Falta um organizador que tenha mais inteligência do que o esforço do Danilo – esse cara é o Renato Augusto, que está na enfermaria. Falta um Roman pra resolver paradas duras como a de ontem.

Por fim, a maior diferença que coloca o Corinthians como o único time brasileiro num estágio superior, a caminho de conquistar o mundo definitivamente. No recente jogo entre São Paulo e Atlético, no Morumbi, Ronaldinho e Ganso, estes da estirpe de Roman, não puderam jogar porque ao menor contato com a bola levavam coices dos adversários.  Notoriamente, os atletas dos dois times foram orientados a não deixar Ganso e Ronaldinho jogarem. E se não foram orientados, os jogadores tomaram a decisão de apelar por conta própria – atropelando as orientações de Ney Franco e Cuca.  Ainda assim, Ganso fez a jogada do gol e Ronaldinho marcou. Como Roman. Ponto para Tite. E para a maturidade do time, que jogou futebol. Para Paulinho que se impôs e não deixou a catimba argentina dar o tom do jogo, peitou os caras não no grito ou na porrada, mas na moral, na bola.

Foi por tudo isso que a torcida fez o que fez ontem do começo até depois do jogo. Cantou o hino do clube como nunca ninguém cantou na história do futebol mundial. Perplexos, os jogadores não conseguiam sair de campo.

Isto é Corinthians, perdemos um jogo, um campeonato mas ganhamos muito respeito, dignidade e força pra continuar no caminho de ser, muito breve, o melhor time do mundo.