… Outro fator que distorce nosso senso de perigo é a psicologia moral. Ninguém jamais recrutou ativistas para uma causa anunciando que as coisas estão melhorando, e os portadores de boas notícias frequentemente são aconselhados a ficar de boca fechada para não tranquilizar demais as pessoas e torná-las acomodadas. Além disso, uma grande parcela da nossa cultura intelectual abomina admitir que a civilização, a modernidade e a sociedade ocidental podem ter algo de bom. Mas talvez a principal causa da ilusão da onipresença da violência derive justamente de um das forças que levaram à diminuição da violência. O declínio do comportamento violento ocorreu paralelamente ao declínio de atitudes que toleram ou exaltam a violência, e as atitudes muitas vezes andam na vanguarda. Pelos padrões das atrocidades em massa na história humana, a injeção letal em um assassino no Texas, ou um ocasional crime de ódio no qual um membro de uma minoria étnica é intimidado por arruaceiros, são coisas até relativamente brandas. Mas do ponto de vista contemporâneo, nós as vemos como sinais da baixeza a que pode chegar nosso comportamento, e não do quanto nossos padrões se elevaram.
Do cientista Steven Pinker, na apresentação do seu livro Os Anjos Bons da Natureza – Por que a violência diminuiu