14:10A reação do CRM/PR sobre a importação de médicos cubanos

Carta do Presidente do CRM-PR,  Alexandre Gustavo Bley, para a Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann

Cara Ministra e conterrânea Gleisi Hoffmann,

Gostaria de manifestar o meu repúdio as insinuações que setores do governo federal tem feito em relação a assistência à saúde de nossa população, plantando a dúvida sobre a atuação do médico brasileiro. Já não é de hoje que a imprensa noticia o interesse da gestão federal, do Partido dos Trabalhadores, que se encontra no poder há 10 anos, em se abrir o atendimento da nossa população para médicos estrangeiros, sem que ocorra um processo de revalidação dos diplomas desses profissionais.

Me causa espécie maior que essa iniciativa parta de um partido que historicamente esteve ao lado das lutas dos trabalhadores brasileiros, sendo forjada sua existência nesse contexto. É incongruente pensar que esse partido e seus representantes possam preterir a valorização dos médicos brasileiros, por profissionais de países distantes e ainda mais sem que exista um processo de verificação da qualificação desses.

Desculpe a ousadia, mas beira a irresponsabilidade pensar em trazer profissionais de outras localidades deste planeta, para atender na estrutura já precária e impondo mais uma barreira que é a compreensão da língua. Nossa população não merece mais essa humilhação. Os médicos desse país querem trabalhar, mas como qualquer trabalhador necessitam de condições para desenvolver seu trabalho, que de longe é um dos mais nobres, pois a dedicação é voltada para manter a vida do nosso povo.

Urge a criação de um plano de carreira para a fixação dos médicos, sem subterfúgios, mas com regras claras de progressão, bem como uma reestruturação completa dos estabelecimentos que prestam o atendimento. Se médicos de outros países querem trabalhar no Brasil, sem problemas, sigam a lei, revalidem seus diplomas (Prova do Revalida), façam o teste de proficiência em língua portuguesa e obtenham o registro junto ao Conselho de classe.

Saiba que os médicos estão a postos para um amplo debate propositivo que vise a construção de um sistema de saúde digno para quem nele trabalha e para quem precisa se beneficiar dele.

Ministra, o Sistema Único de Saúde está encolhendo e com ele a esperança do povo de um dia ter reconhecida a sua dignidade.

Como disse Shakespeare: “Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança.”

Ninguém tem o direito de destruir os sonhos de outra pessoa, ainda mais um governo que tanto propaga a assistência aos mais necessitados e que portanto dependem do SUS, na busca de diminuir a desigualdade social.

Que a V.Sª, como Ministra da Casa Civil, leve ao conhecimento da Presidenta da República a preocupação que não é só minha, mas de toda uma classe que quer o melhor para o país e seu povo.

Saudações.

 

Compartilhe

3 ideias sobre “A reação do CRM/PR sobre a importação de médicos cubanos

  1. Coronel Perseu Jacutingassa

    Ok, ok… Eu não nutro um pingo de simpatia pelo PT, mas não sou simplista em achar que os médicos brasileiros estariam sendo desprestigiados com essa suposta “importação” de cubanos.
    Todos sabem das dificuldades que os rincões desse país tem para atrair e manter médicos. Como as universidades de medicina são elitizadas (nas públicas passa quem teve a mais cara formação básica, nas particulares estuda quem pode pagar muito), o que acontece é que os formados querem mais é manter o padrão de casa e depois enriquecer, se mantendo nos grandes centros, fazendo especializações em cirurgia plástica.
    Ninguém quer ralar no interiorzão tratando pobre. Se nem paciente de plano de saúde eles gostam pois rende pouco…
    Agora que se pretende uma medida desesperada, mas em tese eficiente (os médicos cubanos são reconhecidos como excelentes em medicina preventiva e clínica), aparece o CRM e seu corporativismo, preocupados com a perda de mercado. É melhor para eles serem poucos, pois assim podem mais facilmente fazer a saúde pública de refém. Aliás, acho que quem estuda em universidade pública deveria obrigatoriamente prestar serviços no interior do Brasil por um tempo. Ainda vejo outra vantagem: os médicos cubanos, que vivem naquela ilha de miséria, poderiam viver melhor no nosso país…

  2. Arnaldo

    Concordo com o comentário do Coronel. No interior do Paraná (pelo menos nas menores cidades) não há médicos em quantidade suficiente para atender a população carente.
    É fato notório que a grande maioria dos profissionais de medicina prefere ficar na Capital ou nas maiores cidades do estado (vide ofertas de emprego de prefeituras do interior oferecendo salário de R$ 8.000,00 para 20 horas semanais…)
    Na minha opinião a nota do CRM exala reserva de mercado por meio de viés político (dirigida à candidata de oposição).
    A medida de “importação” de médicos tem meu apoio (e creio eu, de toda a população carente).

  3. Arnaldo

    Como e abrande a ignorância de algumas pessoas que sonham em ter um salario digno e nao querem trabalhar si percebe que o colega que faz a menção e frustrado por sua profissão e nao conhece a realidade da nossa, que deus salva a medicina

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.