7:02A perigosa sombra do PT

por Célio Heitor Guimarães

Segundo Marina Silva, o PT tem medo da própria sombra. Ambos têm razão: a ex-senadora, porque, petista de primeira hora e fundadora do Partido dos Trabalhadores, sabe no que se transformou a sigla; e o PT, porque sabe o perigo que corre com a própria sombra.

A verdade é que a sombra do atual PT é altamente perigosa. Aonde chega, normalmente faz caca. Marina está preocupada com as dificuldades que o petismo vem criando para o nascimento da Rede Sustentabilidade, novo partido que ela sonha consolidar. A nós, da patuleia, o que preocupa é a própria sombra petista, que depois de dominar a administração pública se espraia pelos demais setores da vida nacional. Já pretendeu amordaçar a imprensa; agora, mira o Judiciário de Joaquim Barbosa. E debocha das instituições constituídas. Tudo por represália contra aqueles que ousaram cruzar o seu caminho.

É um acinte que dois réus condenados por corrupção e má utilização do dinheiro público continuem assentados na Câmara dos Deputados e componham a Comissão de Constituição e Justiça da casa! E ali, com o apoio de asseclas de igual grandeza, aprovem a constitucionalidade de um projeto de lei que permite o reexame pelo Legislativo de decisões finais do Judiciário…!

Jamais esperei concordar com o ministro Gilmar Mendes, que nunca mereceu a minha consideração, por motivos que não vêm ao caso agora, mas estou com S. Exª. quando diz que, caso tal hipótese se concretize, melhor será fechar o Supremo Tribunal Federal. Nem a ditadura fardada conseguiu.

No momento, as baterias petistas voltam-se contra Joaquim Barbosa pessoalmente. O PT quer o ministro fora da relatoria do processo do “mensalão”. Gostariam de ter alguém assim… digamos, mais cordial, como o ministro Lewandowski ou o ministro Toffoli, ex-assessor de Zé Dirceu. E a sombra petista, amparada por notáveis homens de beca, pretende alterar o resultado do julgamento através de recursos meramente procrastinatórios. Quer porque quer a absolvição de Dirceu e seus pares de malfeitores por meio de embargos de declaração e/ou infringentes.

Quer dizer, a sombra petista não é apenas perigosa como também atrevida.

Mas tem por quem puxar: o Grande Líder, aquele que, depois de pintar e bordar por oito anos no poder, sem de nada saber, virou lobista internacional, sem deixar o poder. E não tem o menor pejo de viajar pelo mundo a soldo de grandes corporações, vendendo-as a governos diversos, sem tirar o pé do governo nacional brasileiro.

E o Instituto Lula, em São Paulo, tem hoje frequência maior do que tinha o concorrido centro espírita de Chico Xavier, em Uberaba, MG. Um dos últimos a peregrinar até lá foi o presidente da CBF, o octogenário Marin, ex-colaborador da ditadura militar e do qual a companheira Dilma não quer nem o cheiro. Então, Luiz Inácio é hoje nacionalmente uma espécie do que foi Aníbal Cury ontem aqui no Paraná, durante milhares de anos: não integra o governo, mas tudo passa por ele, inclusive indicações de nomes para os tribunais superiores.

Ele só não quer saber de falar daquela teúda-e-manteúda que guardava no escritório presidencial de São Paulo. Aliás, este caso em particular já foi também alcançado pela sombra petista. Bastou a ministra-chefe da Casa Civil da presidência, a nossa Gleisi, fazer o dever de casa, isto é, desenterrar a verdadeira biografia de dona Rosemary Novoa de Noronha para que outro paranaense, o secretário-geral da mesma presidência, Gilberto de Carvalho, avocasse os autos para a sua área. Só que aí a sombra é diferente. Mais enevoada, é o lado gris da proteção. A pedido do chefe.

Por tudo isso, minha cara Marina, não é difícil descobrir porque o PT tem medo da própria sombra. Não fosse por isso, poderia ser por um daquele dois ditos populares. Ou por ambos: “Quem não deve não teme” e “só teme quem tem o
rabo preso”.

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