10:22Farofada

Do blog do JJ:

O risco da farofada na Batel

A foto que publiquei domingo ilustra bem meu ponto de vista. As calçadas, sejam elas de granito, de pedra, de concreto, de petit pavê ou outro material pertencem a todos os pedestres. Não é local para skatistas, ciclistas, carros e motos de entrega. A celeuma vai se criando por conta de uma convocação pelas redes sociais de um “movimento cultural” que tem tudo para virar baderna, pois a Av.Batel não foi concebida, nem está preparada para receber multidões e manifestações. AS que aconteceram no passado, em comemorações esportivas, acabaram mal – tanto que foram proibidas.
Se houvesse autoridade, o prefeito proibiria o ato, em nome da ordem pública. Mas em nome de uma falsa democracia, correremos riscos como o confronto com a polícia, se alguém resolver quebrar o granito ou se marginais se aproveitarem da multidão para promover assaltos (como ocorreu com as invasões que aconteceram, não faz muitos anos, em shoppings da cidade).
As calçadas de granito são um problema menor, que ganhará dimensões pela revolta compreensível de alguns, que, na verdade elegeram aqueles que aprovaram tal projeto. É o mínimo, dentro de um projeto de calçamentos realizado no Anel Central curitibano, no final do governo passado (e que beneficiou a milhares de curitibanos, inclusive valorizando bairros). Protestar pela falta de calçadas é razoável. Protestar porque instalaram calçadas de primeira classe, é burrice.

As grandes cidades mundiais têm calçadas de primeira classe em todas as suas regiões comerciais e turísticas.

Não sou contra skate (meu filho praticou muito, até se quebrar todo e eu, quando criança brincava com carrinhos de rolimã), bicicleta, patins, patinete, motos, etc – desde que respeitem o direito dos demais (especialmente dis pedestres sobre as calçadas). Curitiba não tem mais e melhores calçadas porque não foram prioridades em diversos governos e poque a responsabilidade financeira pelo calçamento é dos donos dos imóveis (mas a imensa maioria não sabe disso). Só em locais de interesse público, o município banca os calçamentos. No resto da cidade, o custo é dos proprietários e tem que ser feito de acordo com os padrões estabelecidos pela municipalidade.
Para argumentar é preciso ter mais conhecimento e os organizadores da Farofada Cultural não estão preocupados com os fatos. Apenas perceberam uma oportunidade de aparecer e de promover uma arruaça, com o pretexto de protestar contra calçadas de primeira classe, que embelezam nossa cidade. Talvez, quanto pior, melhor, para os farofeiros. Se fossem calçadas de cacos de tijolos não reclamariam, como não reclamam das calçadas escorregadias, quando úmidas, de pedra…
Só espero que o evento não se transforme num tumulto generalizado, se algum farofeiro mais exaltado resolver quebrar as calçadas de granito e houver reação policial. Sinceramente, especo que o comportamento seja civilizado.
O melhor seria cancelar o evento, organizar um protesto formal com adesões/assinaturas, pelas redes sociais contra a falta e a má qualidade das calçadas, ao invés de criar tumulto por causa de uma calçada de padrão melhor já implantada. Querem que arranquem e joguem no lixo o granito já pago?
Temo que que pode acontecer no dia 5. Só isso. A farofada cultural de cultural não tem absolutamente nada.
A “Primeira Farofada do Granito” está sendo organizada pelas redes sociais, com o objetivo de “democratizar” o uso das calçadas do Batel. A ação pretende reunir moradores de várias regiões de Curitiba. Segundo o produtor cultural, André Feiges, um dos coordenadores da manifestação.
Democratizara o quê, se as calçadas devem ser só dos pedestres?
Qual é a posição do prefeito Gustavo Fruet?

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Uma ideia sobre “Farofada

  1. André Feiges

    O Sr. JJ, ao sugerir que o evento deveria ser proibido (e reprimido, como inclusive sugeriu em outro texto mais agressivo) por questão de ordem pública demonstra desconhecer a Constituição Federal que prevê no título Dos Direitos e Garantias Fundamentais, no Capítulo Dos Direitos Individuais e Coletivos na seguinte forma:

    Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

    XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

    Oras, se este infeliz senhor conhecesse o texto constitucional não se daria ao papel ridículo de defender o autoritarismo a partir de sua futurologia pessimista, que encara toda reunião pública como passível de se tornar um caso de polícia.

    Sua pífia argumentação não sustenta qualquer raciocínio que se deva levar a sério, exceto quando afirma que o investimento do município deve se dar onde há interesse público. Tal questão, se levada em conta, à luz do próprio texto, traz uma contradição inequívoca.

    Pois então, há que se fazer uma escolha, ou a rua Bispo Dom José (e não av. do Batel, como afirma o blogueiro de modo equivocado) está apta e recebe grande monta de usuários cotidianamente, principalmente pedestres; ou (se o blogueiro estiver correto e tal local não estiver qualificado para receber grande número de pessoas) então não se justifica o investimento público, sobretudo em valores milionários para implementar “calçadas de primeira classe”.

    Aliás, “calçadas de primeira classe” não representam uma afronta à moral pública e ninguém está incomodado com elas, contanto que custeadas pelos proprietários dos imóveis que circundam. O que não se pode admitir, entretanto, é que o município atenda uma ínfima parcela da sociedade com obras de alto padrão e relegue milhares de cidadãos à lama.

    A Rua XV de Novembro é o espaço mais frequentado da cidade inteira, apesar das massas de pedestres que por lá circulam diariamente, não vemos por lá o investimento em piso de granito ou bancos de madeira maciça em valores astronômicos.

    O que há num espaço que não há no outro?

    O investimento foi especialmente destinado a atender cidadãos de primeira classe?

    Dia 5 de maio tem Farofada e esperamos que seja só a primeira. Todos são bem vindos!

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