10:33Que tal vender fotografias por quilo?

por Joel Rocha*

Invariavelmente me pergunto: por que um cliente quer ter 300 ou 500 imagens de uma pauta, de um evento ou de uma produção qualquer? O que ele vai fazer com essa quantidade de fotografias? Algumas fotos para um site, outras para assessoria de imprensa e outras tantas ficarão esquecidas num HD ou até mesmo serão deletadas.

Hoje, lamentavelmente, além do preço, a quantidade é fator relevante na concorrência do mercado fotográfico. Que cultura é essa e que critérios são esses? E a leitura da imagem como fica?

Se um fotógrafo opera 300 fotogramas e edita 40 imagens de qualidade, esta é a sua dinâmica, seu olhar e seu poder de síntese. Ao cliente caberia valorizar isso e não menosprezar na hora fazer uma escolha ou uma cotação, pois uma quantidade menor de boas fotos facilitaria muito a vida dele na hora de utilizar as imagens. Mas…

De que adianta ter 500 fotografias, se na hora da escolha não se tem critérios para avaliar uma boa imagem? Que deixem isso para o próprio profissional que produziu o material, pois supostamente tem qualificação e olho para isso.

Lembro ainda de um tempo em que tínhamos um ou no máximo 2 rolos de filmes de 36 poses para uma cobertura. Dali quase sempre tirávamos umas 50 boas fotos – e o cliente ficava satisfeitíssimo.

Para os fotógrafos que trabalham com cobertura de eventos nos dias de hoje, me parece não existir mais o trabalho de edição das imagens produzidas – e quando falo em edição, quero dizer o trabalho de seleção de um conjunto de imagens que traduza um fato ou acontecimento, e não tratamento de imagens, como muitos confundem. Neste contexto da era digital e tal, resta ao fotógrafo dar conta do tal fluxograma de trabalho, ou seja, depois de produzir 1.000 fotogramas de um evento, ter que entregar 800 imagens tratada,  muitas vezes para o dia seguinte – e adios qualidade.

E no mercado editorial, isso também vem se tornando uma prática, guardadas as devidas proporções…

Urge que se crie uma nova consciência por parte dos profissionais da fotografia para levar aos clientes esta questão – e deixar bem claro que quantidade nunca foi e nunca será sinônimo de qualidade.

E que esta nova mentalidade possa também tornar o fotógrafo mais consciente e seletivo na hora de apertar o botão.

*Sou profissional, sobrevivo da fotografia e trabalho na área editorial e corporativa.

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6 ideias sobre “Que tal vender fotografias por quilo?

  1. Maringas

    como dizia o avô de uma amiga minha: “você prefere comer um pires de doce de leite ou um prato fundo de merda?”

  2. Luiz Costa

    Como diz o filósofo: não é difícil matar um leão por dia.
    Difícil é desviar das antas.
    Valeu!!
    É isso ai Joel.

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