6:39A serviço del Comandante

por Célio Heitor Guimarães

Ao que me constava, Yoani Sánchez era uma jornalista cubana que, na impossibilidade de exercer livremente a sua profissão na ilha dos Castro, utilizava-se da internet para expressar as suas críticas. Era corajosa e persistente. E isso lhe valeu impiedosa perseguição. Foi sequestrada, torturada e proibida de deixar o país, ainda que para o recebimento de láureas ou participação em eventos literários.

Constava-me, também, que vivíamos uma democracia no Brasil. Uma democracia meio remendada, é certo, mas, enfim, uma democracia, onde todos têm o direito de ir e vir e de externar as suas opiniões e ser respeitado, ainda que não se concorde com elas.

Agora, vejo que estava enganado.

Diante da pressão internacional, a ditadura cubana acabou liberando, depois de vinte negativas, a blogueira para um passeio fora do Caribe, que começa exatamente por Pindorama. Mas bastou Yoani botar os pés em território verde-e-amarelo para virar uma mercenária, caluniadora e “impatriota”, a serviço da CIA e do imperialismo internacional. Na primeira escala, em Recife, atiraram-lhe no rosto um punhado de notas falsas de dólar. No aeroporto de Salvador, foi recepcionada com insultos e deixou o local por uma saída alternativa. Em Feira de Santana, nova manifestação impediu a exibição de um documentário do cineasta baiano Dado Galvão que tem a participação da cubana.

Soube-se depois que a intenção da brava gente brasileira nos citados episódios, representada por um certo Caio Botelho, diretor de uma tal União da Juventude Socialista, é “desmascarar” a pseudoativista.

Soube-se também que o governo de Raul Castro liberou a saída da jornalista de Cuba, mas tomou a cautela de distribuir previamente, inclusive às autoridades do Brasil, um dossiê no qual procura desqualificá-la, taxando-a inclusive de “insignificante”. Não obstante, por cautela, escalou um grupo de agentes para vigiá-la em terras brasileiras.

E o mais grave é que o plano de desqualificação e constrangimento de Yoani Sánchez teria o apoio e a participação do PT e de gente do governo brasileiro. A notícia, publicada na última edição da revista Veja, dá conta de que um grupo de militantes da esquerda nacional, a maioria ligada ao PT, foi convocado para uma reunião na Embaixada de Cuba, em Brasília. Ali, foi informado da “vida mercenária” de Yoani em Cuba, onde desfrutava de “mordomias” incompatíveis com o regime cubano, como receber dinheiro pelo seu trabalho e comprar “latas de cerveja” e “cachos de bananas”, além de participar de banhos de mar com amigos.

Pois é, mas apesar de tudo, em matéria de democracia, a nossa ainda é um pouquinho melhor do que a praticada em Cuba. Lá, segundo a própria Sánchez, um protesto como esse dos mal-educados brasileiros, “não duraria mais que dois minutos”. Caio Botelho e sua turma bem que poderiam se mudar para a ilha e desfrutar da democracia cubana.

Por fim, como ando me enganando ultimamente, gostaria que uma boa alma me respondesse: esse negócio de distribuição de dossiê e a presença de agentes estrangeiros em território brasileiro, com ou sem o conhecimento do governo local, e a presença de funcionário da Secretaria-Geral da Presidência da República em reunião na Embaixada de Cuba não está a afetar, nem um pouquinho, a soberania nacional brasileira?…

E aí, nobre “presidenta”?…

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6 ideias sobre “A serviço del Comandante

  1. Juca

    Comentário perfeito. O Brasil , governo e os tres poderes, e pior boa parte do povo, estão alguns anos atrasados, pois, o stalinismo j[a acabou, o faxismo idem e a União Sovietica também, do comunistmo , acho que de radical só a Albania sobrevive, nem a China está pura. Agora a Bahia e o resto do Brasil ter atitude de patrullhamento ideológico é algo irritante.
    Mas o que não se presta a atenção, é a coloração vermelha que q sem punir o vermelho, mas sim a ideologia, o que se vislumbra na Ama´rica Latina, a aí se inclue parte do Caribe, é a ocupação chavista,na roupa a nas idéidas, se não vejamos: A presidente Dilma usa e abusa do traje com “taieour” vermelho, o Chaves quase morto ca sua camisinha vermelha, os demais , como Fidel e irmão Raul mantém a ilha como prisão e agora estão vendo que a copisa não está dando certo. Temos a Nicaragua, aqui próximo, o Equador e o cara Evo Morales. Isso parece uma lata de tinta vermelha que foi derramada no mapar das duas Aaméricas e vem borrando país a pais. Aqui no solo brasileiro, o povão está vendado com os bolsas e os créditos que mais cedo ou mais tarde vão estourar o país e a conta será grande, e assim eu fico vendo os pronunciamento de parlamentares do governo que falam em democracia e não praticam, pois mostram um rllo compressor, igualou pior do que foi na época da ditadura, pelo menos naquela época se sabia de forma isntitucional que viviamos numa ditadura que acabou, aquela e agora?

  2. Parreiras Rodrigues

    O funcionário da Secretaria Geral da Presidência da República exerce o cargo de – se rirem, eu xingo ocêis todos: – COORDENADOR GERAL DE NOVAS MÍDIAS E OUTRAS LINGUAGENS DE PARTICIPAÇÃO.

  3. Mr. Walker Bush

    Célio um pergunta após ler o seu texto, vc sabe porque nos EUA nunca terá golpe de estado? Não. É que lá não existe embaixada dos EUA. Vão te catar! Cambada de entreguistas.

  4. Juca

    Não é assim não. Lá nos EUA, existe democrascia e ninguém quer se perpetuar no poder. Lá mo Presidente vai ao Congresso dasr satisfações, lá o presidente renuncia e se bobear sai algemado da Casa Branca, lá a oposição participa , lá tem a ONU enfim lá queiram, gostem ou não é bem melhor que CUBA.
    PS: Por quê será que o tal assessor internaci9onal Marcos Aurélio Garcia não se hospedou num hospital cubano recentemenbte quando teve um problema no coração , será que aqui a atenção à saúde ainda é melhor do que em CUBA?

  5. Jeremias, o bom

    Nos EUA é que é democrático.
    Existem só dois partidos, na prática, que são absolutamente iguais entre si.
    E o povo não vota no presidente. E sim em políticos que irão votar no presidente.
    Igualzinho à ditadura militar no Brasil.
    Que legal !
    Que bacana !
    Oh !

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