por Janio de Freitas
Todos os que desejaram a vitória da oposição em 1985, resultante na eleição de Tancredo Neves, têm uma dívida de gratidão com Fernando Lyra. Foi o grande artífice político, desde os primeiros passos, daquela consagração do sonho de democracia sobre a vocação de ditadura.
Morto na quinta-feira, ao fim de longas e sucessivas doenças, Fernando Lyra só pôde cumprir seu enorme papel histórico em razão de duas características pessoais: a acuidade incomparável para a interpretação política, exposta sempre com brilho fascinante, e a integridade moral.
Deputado de repetidas legislaturas, ministro da Justiça no governo composto por Tancredo e encampado por José Sarney, Fernando Lyra afastou-se do centro da política no final dos anos 90. Muito por desencanto.
*Publicado na Folha de São Paulo
Em 79, o finado Caio Perondi e eu, num restaurante do Recife, jantamos juntos a Fernando Lyra, numa mesa enorme, presidida por Miguel Arraes que voltava do exílio.
Tavam lá, Jarbas Vasconcelos, de lá mesmo e Fausto Wolff, de O Pasquim.
Do Paraná: Osvaldo Macedo, Hélio Duque…
Foi Lyra quem nos levou até Arraes.
No outro dia, a concentração na praça Santo Amaro – 100 mil pessoas.