7:09A solidão do "espalha rodas"

Do enviado especial:

Quem acompanhou a desenvoltura – ou falta de desenvoltura – de Roberto Requião na eleição à presidência do Senado que aconteceu na sexta-feira passada percebeu que, nos próximos anos, o Paraná terá um senador a menos que o número constitucional.

Com a substituição de José Sarney por Renan Calheiros, e a anunciada licença do ex-presidente, que ficará fora por quatro meses para se dedicar à sua autobiografia, ninguém mais dará ouvidos ao ex-governador do Paraná. Embora tenha votado em Renan, Requião terá pouco espaço nas comissões. Um colega de plenário diz que Requião é visto no Senado da República como um verdadeiro “espalha rodas”. “Onde ele se aproxima, ninguém permanece”. Suas piadas, sempre ofensivas, não agradam, nem aos mais radicais oposicionistas.

Nos primeiros dois anos de mandato Requião provavelmente foi o senador que mais viajou para o exterior em missões oficiais, daquelas que não servem para quase nada. Somente em 2011 foram 27 viagens. Na maioria delas, levou sua mulher, Maristela, deixando a impressão de que seus deslocamentos são para ganhar diária, ou talvez para fazer turismo mesmo. Requião gosta de conforto. Nessas viagens, sempre que possível, usa sua condição de senador para tentar obter upgrade para a primeira classe.

No tempo em que ele não está viajando, tem se dedicado a colocar obstáculos para que recursos de empréstimos cheguem ao Estado do Paraná e à cidade de Curitiba para  investimentos em infraestrutura. Segundo ele, tal ato é para proteger o erário público. Os adversários dizem que ele só faz isso por pura política, calculadamente pensada para prejudicar o governador Beto Richa.

Os jornalistas, por sua vez, evitam-no, com receio de constrangimento físico ou mesmo verbal. Além disso, ele não tem muito o que dizer mesmo, salvo a respeito de viagens e, quem sabe, turismo.

O afastamento dos repórteres de seu raio de ação, tiraram dele um de seus principais prazeres: difamar adversários e inocentes.

Na verdade, depois que perdeu o diretório do PMDB do Paraná,  Requião é um homem quase só, não fossem dois ou três aspones que o seguem desde seu último governo e que vivem também às custas do mesmo erário que ele diz proteger.

Mas ele não se enxerga assim, solitário. Também fala consigo mesmo, às vezes pelo twitter.

Fora isso, continua fugindo dos oficiais de justiça. Imagina-se o que aconteceria não fosse ele um privilegiado pela prerrogativa parlamentar de foro.

Apesar deste ambiente solitário e fúnebre, engana-se quem pensa que ele está morto. Que ninguém o subestime, contudo, porque ele ainda tem muito voto. É certo que tais votos são daqueles que não sabem o que Requião faz, ou melhor, do que ele não faz. Mas, afinal das contas, ele sempre viveu justamente destes votos dos desavisados.

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9 ideias sobre “A solidão do "espalha rodas"

  1. José Ricardo

    E pensar que por muitos poucos votos poderia ter sido o Gustavo Fruet e não esse fanfarrão. O Paraná só tem dois Senadores. O Requião não conta.

  2. Milena

    Janaina, não acho repugnante. Apoio o Zé e acho que é a mais pura verdade e se é verdade deve ser dito. Inda mais que o Requião faz isso com o voto popular e com o dinheiro público. Zé Beto, to contigo e nao abro.

  3. Boris

    Seja lá quem tenha escrito, revelou a mais pura verdade do fim deste político que ao longo da vida só fez política pelo poder e só buscou o poder para desfrutar deste poder para si e para sua família (a dele).
    Esse Requião vai ficar para história como o maior falso moralista da história do Paraná. Tinha apoio popular e podia ter feito muito, mas sua vaidade não permitiu.
    Uma vergonha.
    Boris

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