8:54O exemplo

Ontem, na posse do novo presidente da OAB do Paraná, houve uma invasão de carros estacionados em cima das calçadas que cercam o Teatro Guaíra. Pelo que se tem conhecimento, ninguém foi multado. Era a turma do andar de cima demonstrando que, na capital da província, desrespeitar as leis é uma questão de status – de ignorância.

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15 ideias sobre “O exemplo

  1. Diogo Busse

    Eu testemunhei essa vergonha. Cheguei caminhando no teatro para prestigiar a posse da nova diretoria e, sobretudo, para apoiar o ex-presidente Lucio Glomb que honrou a classe dos advogados paranaenses e se sensibilizou para a necessidade de enfrentar de forma séria e corajosa a questão das drogas no nosso Estado, e me deparei com vários carros, a maioria deles luxuosos, largados por todos os cantos. Não dá pra botar uma fé. São as autoridades.

  2. antonio carlos

    Respeitar a lei é coisa para pobre, para a turma da Classe C, aquela que é a xodozinha dos Governos. E aonde estava o pessoal da Diretran, sempre pronta para multar, e o do BPTran, sempre de bloco e a caneta na mão? Fazendo de conta que não viam. Estavam só agindo politicamente correto, não é assim que os donos do poder gostam? ACarlosó

  3. Maringas

    comentário de Gianna Roland, moradora da Aminstas de Barros, em frente ao Teatro Guaíra:

    “Sim, tinham viaturas da PM fazendo escolta para os carros estacionados na calçada, enquanto isso, eu ia em direção a farmácia que tem ao lado do Mercadorama da XV e me deparei com ela quase fechada e as meninas que trabalham lá, apavoradas: A farmácia tinha sido assaltada uns 5 minutos antes de eu chegar.”

  4. Parreiras Rodrigues

    Como é o nome mesmo daquele personagem da segurança paulista que murchava pneus de carros estacionados irregularmente?

    Acabei de terminar o curso de reciclagem por causa de 20 pontos e paguei todas as cinco multas – 38 anos dirigindo em Curitiba. E esse s engravatados, donos de diplomas certamente, folgam na cara dos outros, naturalmente com o beneplácito da fiscalização.

    Existem advogados e existem portadores de diplomas de advogados, que devem ser os folgados ai em riba.

    É revoltante!

  5. Petrukio

    Dias de jogos do Coxa é a mesma coisa no Alto da Glória, ou seja, a premissa da nota está equivocada.

  6. Êita!

    A única diferença política (?) entre esta terra dos pinheirais e os estados nordestinos é a posição geográfica…

  7. Wagner Wolff

    Mas a OAB é a primeira a chiar com qualquer coisa faz campanhas de combate a corrupção mas quando é do seu interesse não se manifesta esse país é um antro de falsos moralistas e a entidade mor do falso moralismo é a OAB.

  8. Vânia Casado

    Muda, muda e as moscas são as mesmas. Por muito menos meu carro foi guinchado na mesma praça Santos Andrade há três anos quando estacionei em vaga destinada a carga e descarga num sábado às 18 horas da tarde quando o comércio estava fechado. Não tive a mesma sorte dos senhores engravatados.

  9. Palhares

    A lógica da classe…

    Desde que nascem, as crianças ricas têm todos os seus desejos satisfeitos. Por isso, tendem, até o fim da vida, a considerar que o mundo lhes pertence, porque tudo o que a criança percebe no primeiro ano de vida é impresso não só em seu inconsciente mas também em seu próprio corpo.
    Já os filhos de camponesas mais pobres, em geral desnutridas e que não têm tempo de cuidar das crianças, percebem que sua fome e seus desejos não são para ser satisfeitos. Assim, apreendem, sem questionar, o mundo como expropriador de seus direitos essenciais.
    Essa é a base da relação opressor/oprimido, característica essencial do sistema competitivo/capitalista/neoliberal, que nunca é, nesse nível inconsciente, questionada pelas pessoas. A classe dominante, sem pudor, faz as leis e as transgride segundo seus interesses. A dominada (da classe média para baixo) é ensinada que tem de obedecer a essas mesmas leis -porque, senão, será punida- e que todo cidadão tem de ser honesto para ser aceito.
    Desde sempre, a transgressão das leis é chamada de corrupção. Na atual sociedade da informação, a novidade é que a mídia, mesmo que não queira, é obrigada a denunciar episódios de corrupção e fraude. Se não o fizer, não “vende” para a grande maioria, honesta e indignada.
    Ou seja, a honestidade e a moralidade da maioria da população sempre foram o esteio da sociedade de classes. As religiões sempre ensinaram que só o amor e o altruísmo levam a uma vida melhor depois da morte. Assim, no decorrer dos milênios, foi se criando uma dupla moral. A dos senhores, que podiam fazer tudo o que quisessem, e a dos subordinados, que tinham de respeitar a lei para poderem ser felizes após a morte.
    A boa novidade no Brasil é que essas maiorias elegeram um presidente oriundo da classe dominada, de quem não se esperava que transgredisse a lei da honestidade e da moralidade. E quando ele se viu obrigado a jogar o jogo da classe dominante para continuar no poder, houve uma grita a partir da classe média, sinceramente honesta, contra a corrupção e a fraude que esse mesmo presidente antes condenava.
    E os pobres, que sabem desde o nascimento que são expropriados de quase tudo, crêem, também sinceramente, que, já que são sempre roubados pelos dominantes, pelo menos darão o seu voto a quem reparte com eles alguma fatia desse roubo.
    Toda essa lógica foi corroborada por um amigo banqueiro que me dizia: “Você é um idiota romântico. Corrupção é correlação de forças, e fraude são as leis do mercado”. Esse pensamento é típico dos que dominam o sistema neoliberal e que sabem que, se forem honestos, serão logo derrotados na competição; se não tiverem “caixa dois”, estarão trabalhando para o governo sem lucrar e logo entrarão no vermelho.
    Essa lei não escrita é duríssima, mais para a classe dominante que para os que se acomodam na sua honestidade. Todo grande empresário ou político sabe que a competição é mortal. E eles têm de sobreviver à custa da morte simbólica dos outros. Eles fabricaram a noção de moralidade para que os dominados continuassem pobres, sem competir com eles (ricos), mas eles mesmos sabem que o jogo entre os seus iguais é muito pesado.
    A única queixa que tenho do presidente Lula é que, em vez de trocar as antigas elites por novas elites menos corrompidas, ele fez a troca pela metade, deixando na área econômica todo o poder ao sistema financeiro, quebrando, com isso, o sistema produtivo. Mexer com o sistema financeiro seria bater de frente com o sistema dominante.
    A verdadeira luta pela justiça é trocar as elites antigas por outras mais comprometidas com a justiça. Ser moral dentro de um sistema imoral é legitimar a imoralidade. A ética só é verdadeira quando se trata o problema a partir de suas raízes, transformando um sistema mortal e competitivo num outro em que as decisões sejam tomadas pela sociedade organizada de baixo para cima e que, portanto, possa suprir as necessidade de todos, e não apenas as de uma classe treinada desde que nasce para ter seus interesses atendidos a qualquer preço. Acho que só é honestidade a luta contra a injustiça.

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  10. Parreiras Rodrigues

    Magistral o texto do Palhares. No entanto, meu remendo.

    O primeiro ato do idealista que batalha pelo nivelamento das classes sociais, pela diminuição das diferenças financeiras – uns poucos com muito e muitos com pouco ou mesmo quase nada, ao galgarem o topo, é quebrar a escada.

    Nunca vi um desses nossos colegas – também briguei por tudo isso, ganhar uma mega-sena acumulada três vezes ou se empanturrar com uma baita herança do vô fazendeiro, sai por ai, dividindo a goiaca.

    Pelo contrário, primeira coisa que faz é mudar prá cobertura.

    Lula veste Armani e aquele negócio de cachacinha, pura demagogia. Agora é uáiti rorsi, balantaines, essas coisas.
    Motel de beira de estrada o caraio. Os matadouros são os faive estars de Manágua, Havana, Teerã, e também os de Paris, Niuiórqui, Roma, por aí…

    Como conta nosso baita colega e camarada Mário Milani, da excelente Bem Público. O pai dele, quando líder comunitário numa cidadezinha gauchesca, dizia nas reuniões: Hoje o camarada luta por um ideal. Amanhã pelo vil metal.

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