6:42O fim do mundo

Na Serra da Mantiqueira – Foto de Cadu Guimarãe

por Célio Heitor Guimarães

Estamos aqui, eu e o meu cansaço, nas ondulações da Mantiqueira, aguardando o fim do mundo. Para um evento dessa magnitude, nada melhor do que a companhia da Mãe-Natureza, a mata quase intocada, o perfume das flores silvestres, um regato de águas ainda cristalinas e o som da passarinhada. Aqui – presumo – não haverá tsunami nem furacões. Terremoto até é possível, mas aí morreremos todos felizes, de mãos dadas.

Os Maias previram para este 21 de dezembro o término dos tempos. E os especialistas deduziram que isso significa o fim do mundo. A minha intenção inicial era voltar ao local onde nasci – a velha e maltratada Lapa dos tropeiros, dos heróis da resistência, do monge Zé Maria. Pretendia dar cumprimento ao inscrito no texto sagrado: “Da Lapa virás e para a Lapa voltarás”. Mas há uns cinco anos, a prefeitura municipal e o Estado interditaram a gruta do alto do morro e nunca mais a desinterditaram. Daí o Plano B – a velha Serra da Mantiqueira, na junção de São Paulo com Minas Gerais, cantada em música e verso por Gastão Formenti.

Ontem, na Rádio Mundial, de Poços de Caldas, MG, um psiquiatra repetia uma previsão no mínimo contraditória:

“O que se espera são acontecimentos terríveis, muita desgraça, muita tragédia”. Para, em seguida, emendar: “Mas pode ser que não aconteça nada!”

Eis aí uma previsão difícil de errar.

Na sequência, o ilustre especialista na psiquê humana conclamou a população a encontrá-lo na Rodoviária de Poços. Para onde embarcariam, não informou.

A bem da verdade, devo informar que eu e o meu cansaço não estamos em Poços de Caldas. Aí já seria desafiar, com certo acinte, a lei das probabilidades: Poços, como se sabe, está assentada sobre a cratera de vulcão, adormecido há milhões de anos. Hoje, pode ser uma boa data para ele acordar.

O que nos atormenta, neste 21 de dezembro de 2012, é a hora do grande evento. Revelaram o dia, o mês e o ano, mas nada foi dito sobre o horário. Supõe-se que esteja ainda para ser marcado. E isso nos causa uma bruta insegurança.

O pior, no entanto, é se confirmar-se a segunda hipótese da previsão anunciada pelo preclaro psiquiatra poços-caldense, e não aconteça coisa alguma. Isto é, fique tudo na desgraça que está: Luiz Inácio sem barba,  de bigodinho pintado, negando tudo, não sabendo de nada e atribuindo os desmandos e os malfeitos do seu (dele) governo e os esquemas do seu (dele) PT o aos canalhas de plantão – aí incluídos, muito provavelmente, a imprensa, os ministros do STF, a Procuradoria Geral da República, o Ministério Público e a Polícia Federal – inconformados com os avanços sociais do Brasil, como nunca se viu antes na história deste país.

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2 ideias sobre “O fim do mundo

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