6:57O “day after” do PMDB

Do analista dos Planaltos:

Como foi previsto aqui neste espaço, Roberto Requião foi derrotado na disputa pela presidência do partido com maior tradição no estado, legenda que já levou 3 governadores e três vices ao Palácio Iguaçu, além de ter eleito uma penca de senadores.

As razões estratégicas da derrota também foram aqui expostas antes: mais de uma dezena de deputados estaduais trabalharam unidos com Prefeitos, Vereadores e a base do partido para vencer a eleição.

Orlando Pessuti, que é tido como o maior conhecedor dos filiados e do varejo, coordenou a mobilização. Em nome da unidade, renunciou a pretensão de disputar a presidência em favor do deputado federal Osmar Serraglio, um nome que não encontrou  resistências e, parlamentar que notabilizou-se na relatoria da CPI da corrupção, naquela ocasião escolheu como sub-relatores Gustavo Fruet, o atual  ministro da Justiça José Eduardo Cardoso e o deputado Eduardo Paes, hoje prefeito do Rio de Janeiro.

Serraglio também é considerado um grande articulador,tanto que conseguiu eleger-se entre  cinco centenas de deputados de 27 estados como primeiro Secretário da Câmara, cargo que só outro paranaense havia ocupado, o ilustre Bento Munhoz da Rocha Neto.

Como se vê, a resistência ao nome de Requião estava bem orquestrada – e fortaleceu-se ainda mais com a fusão de duas chapas em uma única.

O mote da chapa vencedora , PMDB para Todos, apelava à democracia interna simbolizada pelos estilos de Serraglio e Pessuti, políticos de frequente diálogo e trato cordial.

Já Requião escolheu como discurso o forte, mas bastante gasto bordão do velho PMDB de guerra, retórica que conflitava com a formação de sua chapa que abrigava como próceres Rafael Greca e André Zacarow, tradicionais lernistas e latifundiários como Odilio Balbinotti, além da própria família, o irmão Eduardo, parentes em primeiro, segundo e terceiro graus, e funcionários e assessores de seu gabinete, sempre prontos a incensar o chefe.

Por outro lado, os companheiros mais antigos e articulados que o elegeram outras vezes em muitas aguerridas disputas internas preferiram não endossar novamente  um projeto marcado pelo personalismo e corte autoritário.

O mote de Requião era o lançamento antecipado da candidatura própria ao Governo do Estado, e a oposição frontal ao governador Beto Richa, a quem acusava de cooptar os deputados.

De forma amadora, seus correlegionário confeccionaram faixas e material de propaganda ligando Beto à chapa adversária, mas de forma tão óbvia e primária que essas provocavam efeito contrário entre os convencionais, cansados de manipulação.

O fato é que Requião, que já preside o diretório municipal de Curitiba, foi derrotado pela segunda vez. Na primeira, perdeu para Mario Pereira , vice como Pessuti, porque o conjunto do partido, como agora, desejava uma gestão administrativa arejada, democrática e sem maniqueísmo ou autoritarismo, onde o diálogo simples substituísse o monólogo retórico, mesmo que proferido com brilho e frases de efeito sempre em contradição com a praxis.

Beto Richa, Gleisi Hoffmann, Gustavo Fruet  e outras lideranças, mesmo sempre chamados à colação como interessados no processo, passaram ao largo da disputa, embora Requião, fiel ao seu estilo, agora pratique o vitimalismo e se declare como sempre prejudicado pela corrupção, da qual se intitula o único opositor, e um suposto  fisiologismo de mais de duzentos e oitenta convencionais que votaram contra ele e mais de duzentos que se recusaram a comparecer para apoiá-lo.

Quinhentos convencionais, na realidade em nada beneficiados ou partícipes dos governos municipal estadual ou federal, decidiram com independência.

Não significa que o  vencido não possa disputar o governo pelo PMDB, já que essa decisão , sobre candidatura própria ou coligação, será tomada na convenção de junho/julho de 2014, onde tudo pode acontecer a depender da conjuntura.

Também não foi uma derrota acachapante, mas sim pedagógica, para o político mais vitorioso da história do Paraná e a maior liderança do partido, embora ninguém acredite que Requião esteja disposto a rever os comportamentos que o prejudicam em eleições internas e escolhas partidárias, como a auto-suficiência que o levou a declarar com arrogância que faria 90% dos votos, subestimando os adversários que sempre procura desqualificar.

A fórmula está vencida.

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5 ideias sobre “O “day after” do PMDB

  1. colaborador parana

    A sua análise esta quase perfeita, não fossem as imperfeições.
    Falar que Pessuti e deputados lutavam para arejar e oxigenar o PMDB e qualquer coisa muito proximo do ridículo. Não tem nada de novo e de arejador, eles ganharaam a eleição com apóio do palácio em troca de 2 secretárias de estado e bastante distribuição de verbas e obras nos seus municípios. A ideologia desses deputados, todos, com no mínimo 4, 5, mandatos é a mesma do Beto, nenhuma. Simplesmente se movimentem em defesa da manutenção da sua próxima eleição. Assistem o Beto bater no governo do qual eles foram secretários, líderes e participantes ferrenhos, defendendo com unhas e dentes, à época, seu chefe de ocasião.
    A sua análise é patética e totalmente fora da realidade do que aconteceu.
    Você lembra do Mario Pereira, mas esquece de dizer que depois que ele tomou o partido pra ele, usando a máquina pra ganhar, ele fez 14 mil votos, repito, 14 mil votos , para deputado federal, essa sim a maior humulhação de um ex-governador (mesmo que interino) da história e se aposentou humilhado da política. Voltou agora para coordenar a campanha do Osmar e deu no que deu.
    Então, meu amigo e analista político, se informe melhor antes de falar em oxigenação ou renovação com Pessutis, Romanelis, Curia da vida.
    Isso é uma estontice, pra dizer o mínimo…

  2. Cascavel

    Paraná comenta dizendo que a análise é quase perfeita, ora em comentário político se opina ,não se busca a perfeição, depois fala da ideologia dos deputados, assunto não abordado,esquece que o eleito foi Osmar Serraglio.Quanto a verbas para municípios o próprio líder do governo Traiano já anunciou que nenhuma emenda aprovada será paga aos municípios. Se Pessuti é táo fisiológico por que Requião o chamou duas vezes para Vice , convite feito também para Mario Pereira, ambos ocuparam secretarias importantes Agricultura e transportes assim como Romanelli a Habitação e Curi o deputado mais prestigiado. Ideologia medebista tem Greca o cabeça de chapa de Requião querem fazer crer.

  3. Regina P da Silva

    A analise está perfeita o PMDB que esteve na convenção e ganhou sai fortalecido. O povo do Requião não aceita a democracia e está em todos os blogs comentando que o Beto ganhou nossa convenção
    isso não é verdade eles não ficaram foram embora fugiram e precisam desesperadamente encontrar uma mentira. Os que estão defendendo o Requião é o criame da Policia Militar comandado pelo Washington na boca de urna entimidando os convencionas.
    O PMDB não traiu o camarada todos se cansaram da prepotência do cidadão.

  4. Elton

    Cada partido tem os líderes que merece. Se o PMDB deixasse de existir, não faria falta nenhuma aos brasileiros. Fisiologismo. A conta dessa vitória dos Deputados pró Beto Richa quem paga são os paranaenses: o balcão de negócios do Beto arrematou os PMDBista por mais dois cargos além do já ocupado pelo ex-fura pedágio e agora defensor aguerrido das tarifas do pedágio das estradas paranaenses. Espero ver o Romanelli sem cargo a partir de 2015.

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