18:49Comandante pede desculpas públicas por ação no Bairro Alto

Da assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba:

O responsável pelo Primeiro Comando Regional da Polícia Militar do Paraná, coronel Ademar Cunha Sobrinho, pediu desculpas na Câmara Municipal de Curitiba à advogada agredida no Bairro Alto em uma abordagem da Polícia Militar no dia 24 de novembro. A convite da Casa, ele esteve reunido, na tarde desta terça-feira (4), com as Comissões de Segurança Pública e  Especial de Direitos Humanos, juntamente com as vítimas do ocorrido, para debater sobre os fatos. Também estavam presentes o presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, Elias Mattar Assad, e o secretário de Segurança de São José dos Pinhais, Marcelo Jugend.
“Peço escusas pelo que aconteceu. Não é normal este tipo de conduta na Polícia Militar. Não é normal o preconceito e isto tem ocorrido o mínimo possível na corporação”, afirmou Cunha Sobrinho.
A advogada Andreia Cândido Vitor, uma das vítimas da abordagem, disse estar satisfeita com o resultado da reunião. “O saldo foi positivo, volto a ter confiança na PM e fico mais tranquila. Espero a restauração emocional das pessoas que viveram a violência e a restauração profissional dos policiais que abordaram. Não tenho medo, tenho fé em Deus e no estado democrático, muito bem representado por esta Casa de Leis”, disse.
Assad também considerou pertinente a intervenção da Câmara. “A expressão máxima da democracia foi esta conversa na Câmara Municipal. Espero que a situação vá de fato às autoridades competentes e tenha caráter pedagógico para que a polícia atue dentro da lei. Fora da lei é barbárie”, ponderou Assad.
O presidente da Comissão de Segurança, vereador Tico Kuzma (PSB), pediu que  a PM mantenha a Câmara a par do inquérito. “O objetivo era ouvir a reclamação da comunidade. A polícia deve atuar dentro da lei, em harmonia com a sociedade, servindo e protegendo. Reafirmamos aqui também a nossa confiança e o respeito à Polícia Militar”. Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, ressaltou a necessidade de políticas preventivas. “Entendemos como policiamento não só as abordagens ostensivas, mas também outros mecanismos de prevenção para combater a violência”, afirmou.
Compõem a Comissão de Segurança os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Dirceu Moreira (PSL), Edson do Parolin (PSDB) e Pedro Paulo (PT). Da Comissão de Direitos Humanos fazem parte Jorge Yamawaki (PSDB), relator, Emerson Prado (PSDB), Julieta Reis (DEM) e Paulo Salamuni (PV). Também estiveram presentes a vereadora Noemia Rocha (PMDB) e Serginho do Posto (PSDB).
Violência no Bairro Alto
O presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Alto Planta Paraíso, Cláudio Santos, informou que a ação da Polícia Militar teria iniciado com a abordagem a um motoqueiro que estava fazendo manobras perigosas. “Ele e mais um rapaz foram parados por policiais da 3ª Companhia e começou uma afronta. Foi pedido reforço policial e vieram dez viaturas e dez motos da Rotam, com mais de 30 policiais”, contou. Os dois rapazes entraram em uma casa para se refugiar e fecharam o portão. “Eles conseguiram fugir e os policiais começaram a bater nas pessoas que estavam dentro da casa”, relatou.
Santos disse que uma menina portadora de deficiência física foi agredida, uma senhora de 72 anos, um idoso com derrame, além da advogada Andreia e mais dez pessoas. “Não estamos defendendo os rapazes, eles teriam que ser abordados, mas quando eles invadiram a casa, a polícia agrediu pessoas que não estavam envolvidas”, lamentou.
Como resultado na reunião da Câmara, o comandante se comprometeu a promover reuniões na comunidade com a polícia. “Vamos manter este contato para resgatar o respeito da população pela polícia e da polícia pela população”, informou o presidente da Associação.
Descontentamento
O vereador Algaci Tulio questionou o contentamento dos policiais na corporação. “Esta conduta me parece que não é do caráter do policial. Parece que a Polícia Militar passa por uma fase difícil e que o alto escalão não está satisfeito com o governo”. Segundo ele, esta situação pode estar levando policiais a usurparem de suas funções. Cunha Sobrinho negou que há descontentamento na Policia. “Há blogs de policiais que pedem reposição salarial, mas não há boicote no serviço policial”, garantiu.
Providências
O comandante informou que dois oficiais que estavam no comando da ação foram afastados para funções administrativas. Ao todo, 35 policiais foram ouvidos até agora. “Entre estes, pode ser sugerido também o afastamento do serviço operacional até o limite da exclusão das fileiras da Polícia Militar”, garantiu. O inquérito tem um prazo de 60 dias para ser concluído e depois será encaminhado para auditoria militar.


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10 ideias sobre “Comandante pede desculpas públicas por ação no Bairro Alto

  1. PM cansado da vida

    Foi uma das mais absurdas ações policiais que se tem notícia nos últimos anos aqui no Paraná. A Polícia Militar, não só no Paraná, mas como de resto em todo o país, está sem controle. A sociedade brasileira precisa, urgentemente, fazer algo. Ações violetas e atos de currupção praticados por policiais militares estão todos os dias nas manchetes do jornais pelo país todo.

  2. Zangado

    Isso é bom mas preciso saber por quais caminhos a polícia militar está se capacitando a atender a população.

    Será que o governador está preocupado com isso ou quando é ruim deixa para os subalternos?

    É que estamos acostumados quando chove o governante vir anunciar que o Estado vai bem mas quando há tempestade é caso isolado, desastre da Natureza …

    Por trás dessas “desculpas” a irresponsabilidade se perpetuará – das punições e responsabilizações nunca mais se terá a mais mínima notícia …

    Funciona assim, gente boa …

  3. Raphael Junqueira

    Só pra saber: o que o Secretário de “Segurança” de S. J. dos Pinhais estava fazendo nesta reunião?
    Sujeitinho inconveniente!!

  4. Peter Zero

    A ação corriqueira da polícia paramilitar em abordagens é dessa forma mesmo, não adianta tentar desmitificar. Se quiser mudar o cenário, passe a filmar a operação, será benéfico para todas as partes envolvidas.
    Não deveria ser assim porque o policial é da mesma camada social que ele esculacha, ele não deveria se sentir diferente por portar armas ou trajar uniforme, no entanto, durante a sua formação o mantra que entoam na sua cabeça o faz vestir uma máscara que o afasta da realidade.

  5. Pablo

    Se o atendimento a população melhorasse no mesmo ritmo em que eles tiveram aumentos salaraias nos ultimo anos, nossos problemas estavam resolvidos…

  6. leitor

    Até quando a imprensa vai cair na esparrela de que “foi uma exceção”? Como disse aí acima o Peter Zero, truculência é o modus operandi da PM. De qualquer PM, no Brasil. Solução? Acabar com elas. São das mais bizarras heranças que ainda carregamos dos tempos da ditadura militar. Quando inocentes ainda precisarão morrer para que se discuta a unificação das polícias, sob comando civil?

  7. Parreiras Rodrigues

    Seria de boa educação, se reconhecer grandeza no ato de penitência de parte do comandante Cunha.

    Tenho certeza de que num governo anterior, esse calçar as sandálias franciscanas, de forma alguma aconteceria.

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