11:41R$ 50 bilhões de custo; 70% dos processos sem solução

Do Espaço Vital (http://www.espacovital.com.br)

70% dos processos estão sem solução

Mais de 90 milhões de processos lotaram os gabinetes de juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores no ano passado. Esse é o número de casos que tramitaram na Justiça brasileira em 2011. O volume expressivo, aliado à falta de estrutura em alguns tribunais, é uma das causas da lentidão no Judiciário: de cada 10 processos que passaram pelas mãos dos magistrados, sete não foram resolvidos até o fim do ano.

Esse diagnóstico faz parte de um relatório divulgado ontem pelo CNJ. O levantamento mostra como funcionam os 90 tribunais brasileiros, entre federais, estaduais, eleitorais, militares, do trabalho e superiores.

Essa máquina consumiu R$ 50,4 bilhões no ano passado, valor 1,5% superior ao registrado em 2010. Nessa área, foram consumidos R$ 45,2 bilhões, ou 89,7% do total da verba.

O conselheiro do CNJ José Guilherme Vasi Werner explica que o total de novos processos que chegaram à Justiça no ano passado cresceu 8,8% com relação ao ano anterior. “É um número que assusta. Quando falamos isso a estrangeiros, eles não acreditam, acham que é erro de tradução”,comentou o conselheiro.

Em meio à morosidade do Judiciário, um dado chamou a atenção dos pesquisadores do CNJ, que não conseguiram explicar a razão para o apontamento. A quantidade de processos julgados por magistrado em todo o país caiu 14,3% em 2011, em comparação com 2010. É a mesma queda registrada no TJ-RJ. Os juízes cariocas, por sua vez, são recordistas em carga de trabalho: cada um acumula 12,6 mil processos, em média, mais que o dobro da média nacional.

Mais detalhes

* Do total de processos que tramitaram – ou pararam – em 2011, 76% envolviam bancos ou o setor público.

* Entre os processos parados na Justiça brasileira, as ações criminais estão entre as mais preocupantes. Nesses casos, a chamada taxa de congestionamento é de 65%, ou seja, de cada 100 processos criminais que tramitaram, apenas 35 foram definitivamente resolvidos.

* Os juízes e desembargadores brasileiros tiveram menos processos sob sua responsabilidade em 2011. Mesmo assim eles julgaram menos.

* Para solucionar (?) as ações, a Justiça conta com 17 mil juízes e 366 mil servidores. Há uma média de 8,8 magistrados para cada grupo de 100 mil habitantes.

* A Justiça Estadual de São Paulo registrou uma das maiores taxas de congestionamento do País, índice que indica os processos que não conseguiram ser resolvidos. A taxa paulista foi de 80% e a nacional foi de 71,2%. Ou seja, sete de cada dez ações que tramitaram em 2011 não foram concluídos.

* A Justiça brasileira conseguiu encerrar menos de três de cada dez processos que tramitaram pelos diferentes tribunais do país ao longo de 2011. O estudo evidenciou a incapacidade dos tribunais de reduzirem os estoques de processos acumulados ao longo dos anos.

* O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro teve a sétima pior taxa de congestionamento de processos, ficando acima da média nacional registrada nos tribunais estaduais. No Rio, essa taxa é de 76%: ou seja, três de cada quatro processos ficaram sem solução em 2011.

* Os Tribunais de Justiça do Rio e de São Paulo são responsáveis por mais da metade dos processos pendentes de solução. A pior taxa foi registrada em Pernambuco, (84%), seguido do TJ do Amazonas (82%).

O relatório apresenta separadamente, e em detalhes, dados de todos os tribunais do país, menos do Supremo Tribunal Federal, que não está sujeito à fiscalização do CNJ

O que dizem alguns tribunais

STJ – “Com 33 ministros, a corte julgou 230 mil processos, com uma média de quase sete mil processos por magistrado. Chegaram no ano passado 295 mil novos casos e foram baixados 204,6 mil”.

TRF-4 – “É o tribunal federal do país com menor taxa de congestionamento (60,4%) e com maior número de processos julgados nos JEFs e turmas recursais”.

TST – “No decorrer de 2011, tramitaram cerca de 371 mil processos,  sendo que o estoque é o menor dos últimos três anos (201 mil)”.

TJRS – “Sobre a taxa de congestionamento, o TJRS também se destaca: obteve um dos menores índices, 58%, enquanto a média nacional foi de 74%”.

O relatório Justiça em Números está disponível para visualização no saite do CNJ.

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4 ideias sobre “R$ 50 bilhões de custo; 70% dos processos sem solução

  1. Katia de Mello

    No resto do país não sei, mas aqui no Paraná, os processos caminham conforme interesses maiores, ora galopam ora se enfiam em fundos de gaveta, quando não são, convenientemente perdidos.
    Os cartórios seguem a mesma rotina sendo extensões de advogados influentes. Claro que para tudo existe algumas míseras exceções.O CNJ é ótimo para constatar fatos, mas quando esteve aqui, para supostamente por ordem na casa, tudo ficou como já estava.

  2. Êita!

    Eis porquê a necessidade de vinculação de decisões. Cada juiz uma sentença. E de cabeça de juiz e b… de nenê ninguém sabe o que sai, né? E mais: 100% dos problemas no Judiciário têm origem no péssimo legislativo (com minúscula mesmo) em todos os níveis. E 100% da corrupção também!

  3. Parreiras Rodrigues

    A comarca de Santa Isabel do Ivai que jurisdiciona o município sede, mais os de Santa Mônica e Planaltina do Paraná é acéfala metade do ano e vive às custas de juizes substitutos.

    E olhem que os processos lá, não são complicados como os de cidades grandes.

    Broncas trabalhistas, de família (pulos de cerca, pensões) usocapião, danuras da Tim, da Claro e similares, coisinhas que se vivo estivesse e lá tivesse ficado Adolfo Krüger Pereira, o Afinho, desembronhava numa semana.

  4. antonio carlos

    Pelo volume de processos chega-se à triste conclusão de que delinqüir em Pindorama vale a pena. E ainda tem gente quem se indigna com a frase do De Gaulle sobre a nossa seriedade. ACarlos

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