8:02Vitória pessoal

Gustavo Fruet venceu a eleição de Curitiba porque construiu toda sua carreira política de uma forma pouco normal no meio político – baseada na decência. Muito se escreveu e falou nesta campanha pela disputa da prefeitura da capital paranaense. Pouco se disse que foi fraca e marcada por uma sucessão de erros que, no fim, acabaram beneficiando um candidato que há anos esperava por essa chance. Não seria forçado dizer que Fruet começou a pavimentar seu caminho para ocupar o lugar que foi do seu pai, o saudoso Mauricio Fruet, quando foi escanteado do PMDB por Roberto Requião anos atrás, e que consolidou sua vitória ao ser renegado por Beto Richa no ano passado no PSDB. Os dois, na conhecida ótica vesga do absolutismo do poder, conseguiram, na verdade, reforçar o alicerce da construção de uma carreira que terá sua prova de fogo agora, no primeiro cargo executivo que começa a dirigir uma cidade exatamente quando vai completar 50 anos. Se está realmente pronto para a missão, só o tempo dirá. O resultado de ontem das urnas foi, em resumo, uma vitória que deve ser creditada basicamente à força do candidato. Ele foi pragmático ao apostar na aliança com o PT, por mais que isso tenha afastado correligionários e aberto um flanco para o que se viu na campanha no primeiro e segundo turnos. Tentaram juntar o lé com o cré da incoerência por ele ter sido um feroz crítico do partido no Congresso e principalmente na CPI e jogaram o peso do julgamento do mensalão em suas costas como se ele fizesse parte da quadrilha condenada pelos ministros do STF. Os adversários esqueceram dois “pequenos” detalhes: Fruet é blindado pela própria história de vida pública e essa discussão sempre permeou o chamado público esclarecido. E a ninguenzada? Logo depois de se filiar ao PDT e anunciar que o PT estaria a seu lado, numa conversa com o signatária Fruet foi simples e direto na sua convicção lógica de que, no esgarçamento das instituições partidárias e no açodamento para manutenção do grupo que chegou ao poder, estavam esquecendo do básico: ouvir o que o povo quer. Este foi o grande erro do grupo do governador Beto Richa. Apostou no próprio carisma e, apesar do bom trabalho feito por Luciano Ducci à frente da prefeitura, não era isso o que o povo queria. A melhor frase da campanha foi a do vereador Paulo Salamuni (PV) sobre esta questão: “Ele tinha o Neymar na mão e escalou o Adriano depois da balada”. Fruet teve de enfrentar também o PT no primeiro turno. O partido não foi aliado, apesar de empresar o marqueteiro. O que transpareceu foi a imagem de um partido que atraiu um bom candidato para abrir um flanco na defesa do inimigo PSDB já pensando na eleição para o governo do Estado em 2014. Isso é o óbvio, mas a campanha fraca e sem dinheiro de Fruet até a semana da eleição, com um candidato que transparecia fraqueza, quer pelo olhar ou cabelos desalinhados em cima das orelhas, faziam crer que ele assistiria o segundo turno em casa e amargando a derrota. Sem contar que isso foi reforçado principalmente pela esquisita pesquisa do Ibope que até na boca de urna cravou seu enterro. O que aconteceu nos três dias que antecederam a votação é algo ainda a ser pesquisado. No último programa do horário político, Gustavo Fruet apareceu “vivo”, com energia.  O mais provável é que ali ele apostava no seu eleitor fiel desde os tempos de vereador. Talvez apostasse também no que as urnas na eleição para o Senado lhe demonstraram há dois anos, quando teve 70% dos votos em Curitiba e isso, aliás, foi o motivo de ele ter sido colocado para fora do ninho tucano. Ele derrotou as máquinas que apoiavam o candidato oficial e, ali, sacramentou sua vitória, depois colaborada pelo segundo erro crasso dessa eleição, a da campanha de Ratinho Junior. O candidato do PSC repetiu o erro de Luciano Ducci e repetiu os ataques deste tentando pregar a paúra no eleitorado por conta da aliança com o PT. Parece ter esquecido também que isso não tinha colado o suficiente no adversário. Pior. Ratinho Junior falava em incoerência de Fruet quando estava sendo muito mais incoerente, saindo de uma campanha que lhe abriu um espaço enorme na paisagem da política do Paraná, porque sem ataques, para a pancadaria ensandecida. Gustavo Fruet ganhou com 60% dos votos, seu pai, onde estiver, está orgulhoso e os curitibanos esperam que ele honre sua história e a confiança depositada nas urnas.

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15 ideias sobre “Vitória pessoal

  1. Pingback: Vitória pessoal, a análise do blogueiro Zé Beto

  2. Jeremias, o bom

    Concordo com análise e assino embaixo.

    Ressalto nesta esquisita campanha dois fatos marcantes:

    1. Greca conseguiu se reconstruir politicamente com a ótima campanha do primeiro turno e, incrível, conseguiu jogar toda essa vitória pessoal na lata do lixo nos primeiros dias da campanha para o segundo turno, no esdrúxulo apoio a Ratinho que por óbvio não era a vontade de seu eleitor. Saiu do inferno, foi ao céu e voltou ao inferno. Tudo isso em 24 horas.

    2. Ratinho renegou a sua excelente campanha do primeiro turno acreditando nos gurus do atraso e na discutível tese de que fazer baixaria contra o PT dá voto. Isso funciona em discussões de botequim e em alguns blogs reacionários. Tiro no pé. Tal qual Greca, perdeu todas as conquistas em 24 horas de burrice.

  3. luiz

    Nós funcionarios do 3º escalão da Prefeitura tambem a nossa turma de chefia, os cargos comissionados lutaram até o fim para desconstruir o Fruet , agora eu quero ver, se ele da o troco com fineza , se tem alguem que menospresou os pequenos este alguem foram os comissionados da Pmc, IPPUC, COHAB, agencia curitiba, diretram, urbs, agora tem que mudar e como dizia nosso ex prefeito essa curitiba sera PARTICIPATIVA>

  4. vanessa

    O próprio Ratinho Jr e alguns “analistas” tem falado agora que os curtibanos optaram por Fruet pelo fato de serem mais conservadores. Mas eu pergunto a esses se caso o 2 turno fosse entre Ducci e Jr e o 20 saisse com a vitória, Curitiba não seria mais conservadora? Creio que o peso preponderante foi o curriculo de Fruet, pois nenhum dos dois tem ideias e posições altamente à esquerda. Um tem mais força nos pobres e outro na classe média, mas não siginifca a priori que uma classe é mais conservadora do que a otura.

  5. Elton

    Jeremias,
    O Greca é um caso a parte, imediatista – podeira ter ficado neutro ou ter, se guiado pela convicção, apoiado o Fruet, mas resolver vender seu apoio por 700 mil reais.

  6. Marco

    “Bom trabalho de Lucinao Ducci”, isso é uma piada?
    Se tivesse feito um bom trabalho teria ao menos ido
    para o segundo turno, texto muito puxa-saco.

  7. Pingback: Adriano depois da balada | ABCuritiba

  8. Elis

    Com certeza a vitória é pessoal. Eu independente de qualquer partido votaria como votei em Gustavo Fruet, por apreciar sua vida pública até aqui e espero que como prefeito continue no mesmo bom caminho.

  9. Janaina

    Ô Zé, é para vc levar a documentação na prefeitura, já tá reservado o teu DAS nível 2.

  10. Curitibana

    …e que seja muito bem vindo,
    inundado de coragem e perseverança…FRUET é o grande vitorioso!
    Vc é O CARA… parabéns!!!

  11. Roberto

    Parabens Gustavo, no primeiro várias pessoas me falavam sobre as pesquisa e eu disse votem no Gustavo pois as pesquisas são compradas.
    Não deu outra Gustavo no segundo turno e com o erro brutal do Raytinho em atacar o PT e a aliaça com pessoas erradas deu no que deu
    Gustavo fruet Prefeito de Curitiba.
    Novamente Parabens.

  12. Parreiras Rodrigues

    E o petê continua o mesmo. Como o sujeito que nunca planta uma árvore. Balança-a para colher os frutos que caem

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