por Célio Heitor Guimarães

Nascido há aproximadamente 1,9 milhão de anos, o homem demorou cerca de 1,7 milhão de anos para se tornar o atual “Homo Sapiens”, isto é, o homem que pensa. Para dominar a fala, ele levou mais um milhão e alguns mil anos, já que a comunicação verbal data, segundo os compêndios, de 4 mil anos atrás. Quanto à escrita, que é a representação gráfica da fala através de sinais, a história nos informa que teria nascido por volta de 3.100 anos a. C., no sul da Mesopotâmia.

Tanto esforço está se tornando inútil neste início do século XXI. Pouco adiantou nossos antepassados haverem sofrido uma eternidade para ampliar a caixa craniana e a capacidade cerebral, para balbuciar as primeiras palavras inteligíveis e para codificar aqueles desenhos que costumavam fazer na areia ou gravar nas pedras. Eles eram incapazes de imaginar que, no final do século XX, uma engenhoca de comunicação por ondas eletromagnéticas, nascida do cruzamento do telefone com o rádio e com a TV, substituiria tudo isso – inteligência, fala e escrita – com um simples toque de dedos.

E que isso tudo se deveria, sobretudo, a três cidadãos do império americano, todos nascidos na década de 50, chamados William Henry Gates III, Steven Paul Jobs e Stephen Gary Wozniak, aos quais se juntaram, posteriormente, o também norte-americano Lawrence Edgard Page e um russo, Sergei Mihailovich Brin. Os cinco pretendiam revolucionar o mundo. Mas estão arriscados a acabar com ele. Bill, Steve 1, Steve 2, Larry e Brin turbinaram a engenhoca celular com seus miraculosos chips e softwares e com eles estão transformando as pessoas em abobados robôs.

E aí vale a pena lembrar a preocupação revelada pelo grande Albert Einstein: “Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa humanidade: o mundo terá apenas uma geração de idiotas”.

Conectados, mas cada vez menos humanos.