14:20Os institutos de pesquisa continuam se explicando

Da Folha.com

Institutos de pesquisa são alvos de críticas após resultado das urnas

Datafolha e Ibope tornaram-se alvo de críticas desde domingo em razão de resultados eleitorais que destoaram de pesquisas concluídas na véspera da votação, sobretudo em São Paulo e Curitiba.

Na capital paulista, o levantamento que o Datafolha concluíra no sábado dava empate técnico entre os três candidatos.

Já o resultado das urnas mostrou José Serra (PSDB) com 31% dos votos válidos (excluídos brancos e nulos), três acima do verificado um dia antes pelo Datafolha, que tinha margem de erro de dois pontos percentuais. Fernando Haddad (PT) ficou em segundo, com 29%, cinco a mais do apontado na pesquisa. Celso Russomanno (PRB), com 22% (cinco a menos).

Também no sábado o Ibope colocava os três empatados, com 26% dos votos válidos (margem de erro de três pontos). Nesse caso, o resultado de Serra e Russomanno ficou fora da margem de erro do instituto. O de Haddad, no limite da margem.

“Os dois institutos erraram. Previram resultados diferentes da margem de erro que eles próprios definiram”, diz Jairo Nicolau, professor da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), que estuda dados eleitorais.

Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, diz que é um equívoco comparar a pesquisa da véspera com o resultado das urnas numa eleição marcada por mudanças bruscas nas intenções de voto.

“Não houve erro. Fomos o primeiro instituto a mostrar a queda de Russomanno e a subida de Serra e Haddad. O instituto não tem como dizer na véspera o que não ocorreu.”

Ele diz que pesquisa se parece mais com o trabalho de um fotógrafo do que o de um meteorologista.

PERDA E SUBIDAS

De 19 de setembro à véspera da eleição, em 6 de outubro, Russomanno perdeu cerca de um terço de suas intenções de voto de acordo com o Datafolha. Já as subidas de Serra (três pontos percentuais no mesmo período) e Haddad (cinco pontos) registradas pelo instituto do Grupo Folha foram menos intensas.

O Ibope começou a apontar a queda acentuada de Russomanno na pesquisa divulgada em 2 de outubro. Entre 25 de setembro e o dia anterior à eleição, o instituto registrou queda de 12 pontos percentuais na intenção de voto do candidato do PRB (de 34% para 22%). Em igual período, Serra e Haddad cresceram cinco e quatro pontos, respectivamente.

Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Inteligência, também diz não ter havido erro. “Tanto o Ibope quanto o Datafolha captaram as mudanças repentinas do eleitorado e mostraram que a disputa seria acirrada”.

O que acontece cada vez mais, na opinião dela, é que o eleitor decide na última hora. Foi por essa razão, diz Cavallari, que o Ibope não conseguiu captar que Gustavo Fruet (PDT) iria para o segundo turno em Curitiba.

A pesquisa do Datafolha concluída no sábado mostrava empate técnico, no limite da margem de erro, entre Fruet e o prefeito Luciano Ducci (PSB).

O Ibope também teve problemas com o resultado em Manaus e Salvador.

Já a pesquisa do Datafolha em Recife previa segundo turno. Geraldo Júlio (PSB) venceu Daniel Coelho (PSDB) no primeiro turno. “Pesquisa não é infalível”, comenta Paulino.

Nicolau afirma que o argumento de mudança brusca do eleitorado pode ser verdadeiro. O problema, segundo ele, é que os institutos podem usar esse argumento para justificar qualquer erro.

“Acho que os institutos deveriam fazer um inventário de seus erros e buscar novos métodos.” Uma de suas sugestões é criar métodos para captar as mudanças bruscas.

Paulino vê a sugestão com ceticismo: “Não há método que consiga medir o que ainda não aconteceu”.

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