por Mauricio Arruda*

Hoje fiz uma experiência. Me vesti de cavalete. Acordei molhado, úmido, rodeado por colegas. Uns com tipos bem estranhos. Tinha colega bem arrumado, “recém fabricado”. e também uns machucados que pareciam uns trastes. Parecia uma festa na saída com incertezas na volta. Vi colegas mutilados, sem cabeça, sem olho, rasgado, e até quebrado. Pois bem, vamos à luta eleitoral. Saí  numa condução e empilhado. Logo mais vi a luz e o chão lotado de irmãos de diferentes cores partidárias, numa concorrência sem igual para simplesmente ser visto pela população. O legal é ficar em grupo, são tantas emoções… as pessoas passam dizem elogios, palavrões e alguns não dizem nada, uns picham, colam adesivos, pulam, outros chutam, e quando caímos não há corporativismo, ninguém ajuda, pelo contrário o grupo adversário até torce para outro ficar caído, parecendo que é uma competição e que o cavalete vai ganhar alguma coisa com isso. Que nada… Imagine você em pé e surpreendentemente  é arremessado ao chão pelo vento ou por um objeto estranho lhe acertando no fronte, te rasgando sem você ter feito nada para ninguém, simplesmente pelo fato de ser um cavalete, que coisa…. Esta vida de cavalete não é fácil, ouvi de alguns colegas que até seqüestro está ocorrendo -, e quando o cavalete é devolvido, este vem diferente, sem a cara do candidato ou com os olhos extraídos por um grupo terrorista de plantão. Bem, para quem gosta de emoção, eu sugiro esta experiência por um dia. Se você é daqueles que gosta de aparecer, vista o cavalete tipo grande, de preferência o fora de medida, com sorte o TRE não lhe aprenderá …. Para quem gosta de se esconder, existem os tipos pequenos, varetas de jardim. Depois, favor relatar o ocorrido e se afiliar a Associação dos Cavaletes de Eleição (ACE), que claro, como bom brasileiro participativo, já fiz a eleição e sou o Presidente.

*Advogado criminalista, jornalista e radialista