9:40Vozes

por JamurJr

Nos ano dourados do rádio, falar ao microfone exigia, antes de tudo, muita qualidade de voz. Nos testes realizados o item principal era a voz. Uma voz fina, gutural ou mesmo distante  do padrão em vigor nas emissoras colocava o candidato a locutor fora da disputa. Locutor tinha que emitir uma voz grave – mas um grave suave e agradável. O grave, chamado cavernoso, semelhante aos atores que faziam papéis em filmes de terror,  não era bem aceito. Os parâmetros nesse setor eram locutores famosos  das grandes emissoras nacionais como César Ladeira, Humberto Marçal, Souza Miranda, Reinaldo Costa, Alcides Vasconcelos, Joedy Abagge, Israel Correia,  Antunes Severo, Hiran Nunes e muitos outros. Quando se tratava de locutoras, que não eram muitas e tinham participação pequena na programação, a exigência era semelhante. Mulher com voz de vendedor de bilhete de loteria, que costuma falar em tom muito alto, ficava fora do microfone. Delas também exigia-se uma voz suave , quase grave ou até grave mesmo, como Nilda Ferreira, Iris Litieri, Nivia Maria, etc. Tudo isso é historia do passado quando o Rádio era o principal veículo de comunicação de massa e o profissional um cidadão de grande talento com as características que o próprio Rádio exigia de cada um. Hoje tudo mudou. Ninguém mais se preocupa com qualidade de voz, nem com dicção. Cada um fala do  jeito que sabe – e muitos sabem pouco a respeito de locução. A voz feminina que se ouve no Rádio moderno, na maioria das vezes é aguda e desagradável. Costumam falar alto, numa intensa gritaria que  faz pensar que alguém naquela emissora tem certeza que os ouvintes são todos surdos – ou que ainda não inventaram o microfone e o locutor tem que falar  como os camelôs que vendem produtos piratas nas feiras.

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