8:13Ratinho Junior na “onda”

Da Folha de São Paulo, em reportagem de Estelita Hass Carazzai:

Na onda pelo novo, Ratinho Junior vira favorito em Curitiba

Com tempo reduzido de TV e num partido com pouca tradição, mas com o dinheiro e a popularidade do pai, Ratinho Junior (PSC), 31, virou o principal favorito na disputa pela Prefeitura de Curitiba.

Na mais recente pesquisa Datafolha, nos dias 10 e 11 deste mês, ele ultrapassou o prefeito e candidato à reeleição Luciano Ducci (PSB), tanto na projeção do primeiro como na do segundo turno.

A candidatura surfa na popularidade do pai, o apresentador homônimo do SBT, que faz campanha pelas ruas com o filho e já foi proibido pela Justiça de comandar os comícios, por ser um artista (o que é vetado pela lei eleitoral).

MÍDIA

Ratinho Junior, cujo nome é Carlos Alberto Massa Junior, também conta com a força da televisão e da rádio da família, dona da retransmissora do SBT no Paraná e de uma rádio FM, em que ele apresentava um programa diário havia cinco anos.

“Isso me potencializa, mas não usei para isso”, diz.

A campanha foi inicialmente bancada pela empresa da família –Massa e Massa Comunicação–, que respondeu por quase a totalidade do dinheiro doado na primeira prestação de contas.

Atualmente, o candidato já conseguiu atrair outros empresários e ganhou apoio também dos mais humildes: Ratinho Junior usa uma linguagem simples, promete dar uniforme a crianças e iluminar ruas para evitar assaltos, diz ser independente e que trará o “novo”.

“Há uma tendência de o eleitor apostar na novidade”, afirma o cientista político Emerson Cervi, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que cita a baixa aprovação do governo Ducci (39%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha) como fator que impulsiona o eleitor a votar na oposição.

Para ele, parte do sucesso de Ratinho Junior até aqui se deve ainda ao fraco desempenho do candidato Gustavo Fruet (PDT).

Até julho, ele aparecia na liderança das pesquisas, hoje está em terceiro lugar e sofre com a baixa arrecadação da campanha.

“O Fruet perdeu o argumento de oposição. Dois anos atrás, ele estava com o Beto Richa [Fruet era filiado ao PSDB e concorreu ao Senado em 2010 na coligação do governador, que apoia Ducci]”, diz Cervi, para quem Fruet demorou a se defender dos ataques sobre sua aliança com o PT.

ESTRATÉGIAS

Além do discurso bem afinado, Ratinho Junior traz na bagagem um “trabalho silencioso”, feito desde 2011: visitar bairros para ouvir a população e coletar propostas.

Foram 39 reuniões, que cobriram metade da cidade.

Ainda hoje a campanha coleta propostas, via voluntários que abrem comitês em suas próprias casas. Já são 1.200 desses locais.

“É uma candidatura construída com a população”, diz Ratinho Junior.

Ele utiliza também recursos pouco convencionais, como carreatas noturnas, peruas Kombi iluminadas com neon e telões sobre carretas.

Nos últimos dias, a candidatura começou a ser bombardeada pelos adversários, que dizem que Curitiba não quer um “animador de auditório” para prefeito.

Eles também questionam sua atuação na Câmara, em Brasília, onde cumpre o seu segundo mandato.

Ratinho se elegeu deputado pelo PPS, em 2006, mas mudou logo depois para o PSC, partido da base federal, e passou a votar pró-governo –inclusive a favor da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

“Votei mesmo. A saúde iria perder”, diz Ratinho Junior, que afirma não ser “nem de oposição nem de situação”. “Sou de inclusão.”

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