por Jamur Jr
Na década de 50 o tango e o bolero invadiram o Brasil, disputando com o samba as melhores posições nas paradas de sucesso. Em Curitiba, a Rádio Tingui colocou no ar o programa “O Tango Abraça o Samba”, comandado pelo locutor Getúlio Cury e transmitido ao vivo da Boate Cádiz. Num pequeno espaço, que chamavam de palco, três músicos formavam um conjunto típico executando com maestria os mais famosos tangos. Pelejero, um argentino simpático, era o solista de bandoneon; Leo El Morocho, um uruguaio risonho, tocava violino, e Menendez, era um espanhol de pouca conversa e muito talento ao piano. Esse o conjunto do tango. O samba era defendido por um pequeno conjunto comandado pelo pianista Gebran Gebran. As noites eram animadas no Cádiz, onde apareciam especialistas em tangos e boleros, fazendo passos inusitados para impressionar a plateia presente. Entre estes se destacava um rapaz magro, de estatura baixa e uma habilidade incrível para dançar boleros. Ficou conhecido como Carlinhos do Bolero. Foi ele protagonista de uma situação engraçada e embaraçosa. Carlinhos estava em preparativos para o casamento de uma filha com um jovem político local. Sua maior preocupação era a falta de talento do genro na hora de dançar com a noiva, sua filha. Decidiu que o melhor a fazer era ensinar alguns passos ao genro. Passou a dedicar alguns minutos do final da tarde para suas aulas. Colocava numa radiola RCA um bolero de Lucho Gatica, pegava o genro pela cintura e saía pela sala de visitas fazendo manobras no pequeno espaço. Certo dia o filho de 13 anos chegou mais cedo do colégio e levou um susto ao ver o pai e o cunhado, dançando bolero.
-Pai, você dançando com o meu cunhado?
-Estou ensinando a ele alguns passos para não dar vexame no dia do casamento.
-Mas… de rosto colado?
-E você já viu dançar bolero sem ser de rosto colado?
Excelente, Jamur Jr.
Conta mais !!!