17:56Dona Zefa

Josefa Maria da Silva

A dona do quintal da minha vida partiu há 10 anos e eu nunca mais fui o mesmo. Para o bem e para essa coisa que impregna a alma chamada saudade. No dia do adeus, conversamos por telefone. O alô dela do outro lado da linha lá na sua Palmeira dos Índios é algo que vai soar aqui dentro para sempre. Fiz muito pouco pelo muito que ela me deu. Mas dei-lhe a alegria de ter saído de um inferno que ela conheceu bem com o marido e meu irmão, que também ficou bem. Se há algum talento e humor aqui dentro, é dela. Se há uma busca para ter paciência e uma crença no amor como forma de sobrevivência, herdei dela. Dona Zefa, a Zefinha das plantas, flores, bichos registradas pelo seu filho talentoso, Ricardo, descansa no meio do verde de plantações e árvores e com vista para o morro da cidade onde, lá em cima, um Cristo abre os braços para proteger principalmente aqueles que nos fazem crer que vale a pena esta passagem na Terra. Minha mãe foi e é assim.

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13 ideias sobre “Dona Zefa

  1. Célio Heitor Guimarães

    Nem todos tiveram a felicidade de ter uma mãe como Dona Jefa. Parabéns ao Roberto e ao Ricardo. Lá no Céu, dona Zefinha deve estar exibindo um lindo sorriso como o da foto acima.

  2. Verônica Macedo

    Zé, entendo bem desta saudade que você sente da Dona Zefa.
    Há 10 anos, a Dona Lela, minha mãe, que também nasceu e viveu a infância em Palmeira dos Índios, partiu.
    Ela também amava flores, plantas, bichos e gente.

    Há uma semana, a casa da Dona Lela, aqui em Curitiba, foi demolida. Eu, que busco o desapego, fiquei desolada. Cada pedaço arrancado daquele imóvel, levava junto um pedaço da minha história com a Dona Lela.

    Pensando bem, de que adianta uma casa sem vida?
    Aquele lugar vai ter destino melhor e, certamente, do agrado de minha mãe. Vitória, minha irmã, vai construir um jardim: o Jardim da Dona Lela.

    É a vida que segue…

  3. Pedro

    Caro Zé Beto, semana passada no seminário na OAB pude perceber esse respeito e afeto por ela ao ouvi-lo falar sobre sua vida. Todos os palestrantes deixaram grandes lições a respeito dessa luta, mas a sua parte sobre o significado de “uma vida só” e todas as angústias e esperanças do ser humano foram especiais. Parabéns! Abs

  4. duca

    Agora descobri que devo muito à dona Zefa. Teu bom humor e amizade são impagáveis! Que linda, Zé! Este sorriso diz tudo! É a superfície da alma, nosso coração que se acalma, uma ternura que escorre lá do céu a abençoar seus queridos. Sim, vale a pena, Zé, vale a pena. Abraço enorme

  5. Angela

    Não tenho o que dizer… Só lembrar Drummond… “as mães não deveriam morrer”… Na minha opinião, nem os pais. Nunca mais seremos os mesmos. Saudades e dor eternas!

  6. Regina

    …ow, amigo…a minha querida mãe também deixou esse plano há quase 15 anos; entretanto ela continua sempre ao meu lado, mães nunca morrem, são eternas. Eu sempre caminhante, a carrego na minha FÉ!

  7. lucilia

    Segue texto do Fernandão.

    A morte é a libertação do espírito. Mas se ela é assim, por que causa tanto medo e qual a razão de nosso sofrimento quando um ente querido desencarna? Por temer o desconhecido? Não acredito!
    Acho que é amor à vida. Mas existem pessoas onde eu não me incluo, que amam a vida e não tem medo de morrer:são os que tem fé. Prefiro morrer vivo. do que viver morto!

    Zé, um grande beijo!
    Lu

  8. Peter Zero

    Quando li o texto lembrei de todas as mães, as que cá estão e as que já ascenderam a outro nível, me perdoem os mais céticos, mas não creio que as mães simplesmente morrem.
    A música Travessia exprime bem o quanto é duro o momento da despedida. abraços.

    “Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
    Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
    Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
    Estou só e não resisto, muito tenho prá falar”…

  9. Ivan Schmidt

    Querido Zebeto, com todo o respeito, minha Zefa se chamava Ester. Por isso compreendendo bem a tua saudade, que, é do tamanho da minha! Saúde amigo!

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