8:59A VIDA COMO ELA É

Dona Maria Inês, em São Jorge do Patrocínio (PR)

Foto de Lineu Filho

Ela tem 60 anos e, provavelmente, passou grande parte da vida nestes campos, desSe jeito, enxada na mão. Prestem atenção em seu rosto, na pose para o retrato, e reparem se há algum sinal de tristeza, de mágoa com o mundo cruel, com a impossibilidade de fazer parte da globalização ou de ser uma celebridade. Maria está longe da crise econômica da Europa, da eleição nos Estados Unidos e da lorota que aqui se propaga feito incêndio em capim seco na propaganda daqueles que querem o poder nos municípios. Maria trabalha duro. Se alguém nunca viu o processo artesanal de se colher mandioca, que é o que ela está fazendo aí (veja o saco cheio ao fundo), pode ter certeza que o trabalho é pesado. As mãos delas, se fosse possível enxergar, são calejadas que só. Maria não se lastima, não tem crise existencial e, se bobear, toma conta da casa, varre, passa, faz comida. Com certeza ela criou os filhos passando o que tem de ser passado: honestidade – porque isso não se aprende em escola. Maria é mulher bonita e, pela roupa que veste, pelo tipo de chapéu, é vaidosa como toda mulher deve ser. A enxada que segura é como se fosse sua arma e troféu de sua longa batalha digna. Maria se orgulha dela. Sempre foi tão dedicada que hoje é dona da terra e comanda da turma dos mais jovens que dá duro nesta lavoura. Maria Inês é uma linda brasileira.

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