por Sergio Brandão
As dores nos ensinam a encurtar distâncias nos passos seguintes, mas a dor da perda, principalmente das pessoas, esta é diferente – e a gente ainda não sabe direito o que fazer com ela. Ela fica maior quando vem acompanhada do inesperado. O primeiro sentimento é o de traição. De ter sido traído pela vida, por não ter sido avisado. A sensação é de complô, como se a vida estivesse armando, conspirando contra a gente.
Não é possível suportar sozinho os tropeços e as rasteiras que ela nos dá. Por isso, eu ainda preciso de você para suportar estas dores para me recuperar, levantar e seguir. E assim vou aprendendo a lidar com elas, as dores, que não somem com analgésico. A dor da saudade, da falta que as pessoas fazem em nossas vidas. Esta dor ensina, mesmo diferente, e eu não aprendo, não sei o que fazer com ela.
De uma coisa, porém, eu sei: entre tantos momentos sublimes que o homem ainda consegue alcançar, um dos mais belos é o da solidariedade e do respeito pela dor do próximo. Parece ser o momento este sentimento humano alcança o seu extremo, o máximo de sua potência. É a primeira lição que aprendi com a dor da perda. A solidariedade.