7:03O pão-duro

por JamurJr

Mais do que distração, informação e entretenimento, o Rádio sempre foi um ponto de grande apoio às comunidades, especialmente aquelas situadas em localidades mais distantes. No município gigantesco de Guarapuava, por exemplo, havia grande dificuldade de comunicação entre as pessoas que moravam na sede e as residentes no interior. Para ir de um distrito a outro ou para a sede, era uma viagem longa e feita em estradas com revestimento primário. Qualquer chuvinha e a estrada virava um grande atoleiro. Telefone era coisa rara. Em alguns lugarejos mais distantes era objeto desconhecido. Para facilitar a comunicação entre as pessoas, a Rádio Difusora criou um programa de grande utilidade que em pouco tempo virou líder de audiência. “A Hora da Mensagem” transmitia recados de todo tipo e para todos  os cantos do município. Os fazendeiros se comunicavam com seus funcionários através do programa, pagando uma taxa que variava de acordo com o número de palavras. Certo dia chegou na Difusora um cidadão que criava porcos no interior do município. Era muito rico e extremamente pão-duro.

– Quero mandar uma mensagem lá pro distrito de Marquinhos. as tem que ser bem baratinho. Quero dizer pro Canderoi, meu empregado, que o preço do porco subiu e ele precisa reunir tudo o que tem na fazenda para mandar pra cá. Se não tiver caminhão, não tem problema. Eu já arranjei.

O funcionário da rádio montou o texto fez os cálculos pelo numero de palavras e deu o preço. O pão-duro não aceitou.

– Deixe que eu mesmo faço a mensagem.

E fez. No dia seguinte, na hora do programa, o locutor leu o seguinte texto

– Canderoi, se vire em porco aí que eu me virei em caminhão aqui.

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