7:38“Xoque de Jestão”

por Célio Heitor Guimarães

Sabe o amigo leitor o que faz o governante que entope o Estado de cargos comissionados, preenchidos por compadres, afilhados e acólitos – os tais dos quais se dispensa competência, probidade e até mesmo comparecimento ao trabalho –, quando surge um problema administrativo de alta gramatura? Contrata uma consultoria privada.

É o que pensa fazer, no momento, o governador do Paraná, segundo fonte bem informada do jornalista Celso Nascimento, em sua coluna de ontem. Beto boy exigiu das concessionárias de rodovias planos de redução de tarifas do pedágio. Recebeu-os. E agora não sabe o que fazer com eles. Não encontra no corpo funcional de servidores do Estado um técnico capaz de conduzir os estudos, tidos como “de alta complexidade”. Nem na Secretaria do Planejamento, nem na Secretaria da Fazenda, nem na Secretaria de Infra- Estrutura e Logística (comandada pelo mano Zé Filho) e nem na Procuradoria Geral do Estado.

É lícito supor que a mesma carência se faz notar em relação à questão dos precatórios, cujas parcelas destinadas aos leilões repousam em berço esplêndido, sem indícios de solução, desde janeiro de 2010 (cerca de R$ 12,5 milhões por mês). E o mesmo certamente ocorrerá com o sistema previdenciário estatal ParanaPrevidência, cujo déficit já atingiria, segundo o TC, R$ 7,3 bilhões.

ParanaPrevidência, como se sabe, é aquele fundo sem fundos criado pelo governo Lerner para administrar o pagamento das aposentadorias e pensões dos servidores do Estado. Sucedeu o velho IPE – Instituto de Previdência do Estado, que funcionava bem, inclusive na prestação de assistência médico- hospitalar, até que o governo estadual, através de seus diversos donatários, conseguiu levá-lo à falência, por má gestão e falta de recolhimento da parte de contribuição que lhe cabia. A PP seguiu no mesmo tranco. E o resultado era esperado. Eu mesmo já havia alertado, na coluna do velho O Estado do Paraná de guerra, que aquela engenhoca, tão defendida pelo especialista Renato Follador Jr., ainda iria estourar na cara do contribuinte. Está prestes.

Voltando ao tema inicial: por que o eminente governador Carlos Alberto Richa, tão cercado de comissionados, não nomeia uma comissão de notáveis, buscados na plêiade de DASs do Estado para assessorá-lo no enfrentamento das questões acima expostas? Pelo menos no meu tempo de integrante da administração pública, DAS queria dizer cargo de direção ou assessoramento superior. Daí o nome. E nunca foi preciso contratar consultorias privadas para fazer o serviço deles. (Aliás, foi uma empresa privada, com sede no Rio de Janeiro, que vendeu ao triste governo Lerner a ideia da ParanaPrevidência.)

É que naquele tempo não contávamos com o “Xoque de Jestão” (como também o denomina o colunista Celso Nascimento) do governo do menino Richa.

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2 ideias sobre ““Xoque de Jestão”

  1. Zangado

    Celio Guimarães – parabenizamos pela oportunidade e pertinencia em colocar o dedo nessa ferida.

    O imbroglio do pedágio “baixa ou acaba” está aí forte e rijo, até porque existe um passivo de mais de 140 ações judiciais pendentes, entrave monumental e quase insuperável.

    Falar em comissionados é falar no Detran – aquele do convenio inconstitucional com a Urbs – cujo “setor jurídico” há mais de 10 anos é composto exclusivamente por advogados comissionados que fazem a vontade do patrão de ocasião e estabeleceram o “suporte” para a multimilionária industria de multas de trânsito, “caixa extra” do Estado e do Município, até o paquidérmico Judiciário acabar com a festa de ilegalidade e ilegitimidade ado poder de polícia.

    E onde se desvelou, recentemente, que só iniciados, como o ex-secretário de trânsito de Curitiba, sabiam “como” não ter seu direito de dirigir suspenso, inobstante um prontuário de mais de 200 pontos, pagando, os cerca de 25 mil paranaenses notificados, o mico de jamais terem de seus recursos a mais mínima expectativa de sucesso.

    Falar em advogados comissionados é falar da utilização massiva deles em todas as autarquias (32) do Estado e também em secretarias, em detrimento de carreira de advogados existente no estamento do Estado para esse fim instituida pela Constituição Estadual. É falar no Procon, no Porto de Paranaguá, no DER e por aí vai.

    Dessa forma, uma Advocacia Pública com compromisso público e independência técnica torna-se impraticável. Nesse âmbito pode vicejar por 10 anos um convênio manifestamente inconstitucional Detran/Diretran/Urbs.

    Ministério Público e Tribunal de Contas sabem dessa anomalia e violação institucional, mas, ao que tudo indica estão mais preocupados com o recebimento de seus vale-refeições …

  2. Servidor

    Esse governo do Richa ainda vai superar o do Lerner no quesito despreparo e falta de vergonha na cara, a administração estadual está abandonada, e nas secretarias os chefes não sabem nem o que estão fazendo lá … a coisa é feia !!

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