por Zeca Corrêa Leite

Não me olhe com essa cara de quem tomou banho com sabonete da Natura. “Macadâmia!”, diz inflada. Se acha importante e tonta. Já aconteceu de dizer: Alecrim”! Teve dia de atentar até eu elogiar o perfume. “Avon!” Cuido de ficar quieto. Misterioso é meu pensar, carregado de solidão. Tivesse letra e ia escrever livro. História é que nem rio que percorre a gente por dentro, habitado por peixe e pessoas imaginadas. Pois imaginação tenho, é coisa que está em mim, mas que vai longe de mim. Explicar não sei, penso e não sei falar. Tivesse letra e falaria escrevendo palavras no meu modo de dizer. Podia assuntar de muita coisa, saudade inclusive. Até das macadâmias e dos alecrins da tonta eu falaria. Então quieto fico e ela me cutuca, quer elogio, mexe nos cabelos. “Xampu do Boticário!”.